Há algo de profundamente revoltante na decisão do governador Mauro Mendes de abdicar do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) para Cuiabá e Várzea Grande. Mais do que um simples modal de transporte, o VLT era o símbolo de um futuro mais moderno, sustentável e digno para o povo mato-grossense. Com mais de 70% das obras executadas e os vagões estacionados, prontos para operar, Mendes preferiu virar as costas para seu próprio povo, selando um pacto inexplicável de abandono e descaso. O que está por trás dessa decisão? Certamente, não é o interesse público.
A escolha de substituir o VLT por um sistema de ônibus representa mais do que uma mudança de modal: é um ultraje ao direito de Cuiabá e Várzea Grande de aspirarem a um transporte público de qualidade mundial. Afinal, o VLT prometia eficiência, conforto e sustentabilidade, algo que as cidades merecem e já deveriam estar desfrutando. Mas, em vez disso, os vagões que deveriam atender a população mato-grossense agora irão circular nas ruas de Salvador, como um presente inesperado ao povo baiano. Por quê? Mendes, em sua insistência arrogante, parece governar com os olhos fora do próprio Estado, ignorando a dor e a frustração de quem aqui vive.
É impossível não questionar os reais interesses por trás dessa transação. Quem lucra ao transformar um projeto tão avançado em mais uma rodoviária sobrecarregada e poluente? Quais empresários, quais grupos políticos se beneficiam dessa troca que rebaixa Cuiabá a um transporte menos eficiente e mais atrasado? Enquanto o povo cuiabano sofre, pagando um preço altíssimo por promessas não cumpridas, a pergunta ecoa: quem Mauro Mendes realmente governa? Certamente, não é o povo que o elegeu.
A decisão de vender os vagões do VLT para Salvador é um tapa na cara de Cuiabá, uma declaração implícita de que o povo daqui não merece o que há de melhor. Mendes está dizendo, com todas as letras, que Cuiabá e Várzea Grande são secundárias, que seu desenvolvimento pode esperar, que nosso futuro pode ser remendado com soluções medíocres. A desculpa de contenção de custos soa como uma afronta quando se observa a magnitude do desperdício de recursos públicos já investidos no VLT. Pior ainda, revela uma postura de submissão política e econômica aos interesses alheios, enquanto o povo mato-grossense amarga o atraso.
O que resta agora ao povo de Cuiabá é a indignação. Mas não devemos nos calar. A história cobrará de Mauro Mendes e de todos os envolvidos nesse escândalo. Governar não é um ato de capricho, mas de responsabilidade. E Mendes falhou. Traiu o povo que jurou representar. A venda dos vagões à Bahia é um crime político que não pode ser esquecido. Cuiabá merece respeito. Várzea Grande merece respeito. E o povo mato-grossense merece mais do que um governo que só enxerga o próprio umbigo e seus interesses pessoais.