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Médicos na linha de frente retratam situação precária em Gaza: ?Crianças feridas pelos corredores?

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Seis mil bombas em uma semana. Essa é a situação dramática dos dois milhões de moradores da Faixa de Gaza. Por lá, milhares tiveram que deixar suas casas para se proteger dos bombardeios e o estoque de c omida, combustível e medicamentos está acabando.

Entre os bombardeios, não existe um minuto de descanso para a Crescente Vermelha, a Cruz Vermelha dos países muçulmanos. E, mesmo quando os resgates dão certo, as incertezas continuam dentro do hospital. Para entender a real situação no atendimento médico na região, o Fantástico conversou com médicos que atuam na linha de frente.

Abdelkader Hammad é um cirurgião que vive na Inglaterra e está em Gaza. Ele foi fazer um transplante de rim um dia antes do conflito começar, mas a cirurgia teve que ser adiada. ?Tivemos que cancelar tudo e esses pacientes precisam de diálise. Mas, agora, com os ataques aéreos, fica muito difícil se tratar no hospital. É de cortar o coração?, conta.

Os colegas pediram para ele não ir mais para o hospital, para ficar protegido.

?Eles me contam que a situação é terrível. As crianças feridas ficam pelos corredores. As salas de cirurgia foram divididas, para acomodar mais operações. Anestésicos, antibióticos, remédios para diálise… está tudo acabando. E energia, só dos geradores? explica.

O cirurgião plástico Ghassan Abu-Sittah também vive no Reino Unido, mas é filho de refugiados palestinos. Assim que a guerra começou, ele foi para Gaza antes da fronteira com o Egito fechar. ?Eu sabia que as consequências iam ser catastróficas para o povo daqui?, relata.

?O maior hospital de Gaza virou um campo de refugiados. As pessoas vão se abrigar ali, em busca de um lugar que elas acham seguro?, relata Ghassan.

Na última quinta-feira (12), o médico se deslocou do maior hospital da região, o Al Shifa, para o hospital Al Awda, onde atuam os Médicos Sem Fronteiras.

“Vim de carona numa ambulância que estava voltando para cá, depois de levar um paciente para lá. No caminho, eu ia vendo fileiras e fileiras de casas destruídas”, explica.

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Colapso elétrico

A falta de energia elétrica é outro drama vivido pela população em Gaza. A única central de energia parou de funcionar na quarta-feira e a região, agora, depende de energia solar e geradores abastecidos com diesel.

“Está ouvindo esse barulho atrás de mim? São os geradores do hospital. Fizemos nossa última cirurgia e daqui a pouco vai apagar tudo, para economizar diesel. A água é de caminhões-pipa. E, como você pode ouvir, tudo em volta está sendo bombardeado”, relata o cirurgião Ghassan.

De tanto operar em Gaza, o médico se especializou em situações de guerra. Ele conta que entre os casos mais recentes, o que mais marcou foi de uma família atingida.

“No hospital Al-Shifa fiz a reconstrução da face de uma menina de seis anos. Ela se salvou. mas a mãe e a irmã morreram quando a casa delas foi atingida. A mãe e o pai são médicos do hospital. O pai está viajando a trabalho. Na melhor das hipóteses, essa menina ainda vai passar por muitas cirurgias na face ao logo da vida?, relata.

Das últimas notícias vindas do conflito neste domingo (15), apontam que o doutor Ghassan continua com as cirurgias, mas a cada dia com menos recursos. Já Hammad está em um abrigo da ONU, sem previsão para sair.

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Fonte G1 Brasília

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