Eleito no último domingo (20) presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Ilan Goldfajn afirmou nesta segunda-feira (21) que a instituição tem pautas em comum com o governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Temos pautas ambientais, pautas sobre a pobreza, desigualdade, pautas ligadas à infraestrutura. Claramente, algumas dessas pautas ? senão a maioria ? são aliadas com as políticas e às pautas do governo eleito”, disse.
Segundo ele, a nova gestão do BID deverá manter a tradição da instituição com um relacionamento harmônico com qualquer um dos países que compõem o continente americano.
?[O BID] tem uma relação harmônica com todos os países da América Latina, do Caribe, da América do Sul, da América Central, da América do Norte. É uma relação harmônica. Acredito que isso vai ocorrer também ? já está ocorrendo ? com o governo eleito?, disse, em entrevista à GloboNews.
O novo presidente do banco multilateral disse que entre os projetos da instituição para a América Latina estão:
- o de financiamento de redes de proteção social;
- o de produção de alimentos;
- e o de infraestrutura para levar os alimentos à população mais vulnerável.
Ilan Goldfajn será o primeiro brasileiro a presidir o BID ? a posse está marcada para o dia 19 de dezembro. O banco é uma das principais fontes de financiamento de longo prazo para o desenvolvimento econômico, social e institucional da América Latina e do Caribe.
Ele foi eleito para presidir a instituição, por um período de cinco anos, no último domingo. Ilan foi indicado como candidato do Brasil pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.
A assembleia de governadores do banco elegeu Ilan Goldfajn com 80,1% dos votos.
?Isso [a votação] dá um certo respaldo, não só o respaldo que vem do Brasil, mas também o respaldo que tá vindo de todo o continente. Isso vai me permitir trabalhar para tentar levantar o BID que saiu um pouco com algumas feridas desse último presidente?, afirmou Ilan.
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Pedido para adiar eleição
O ex-ministro Guido Mantega, que chegou a integrar a equipe de transição do governo eleito, afirmou ter entrado em contato com autoridades econômicas de países das Américas para pedir o adiamento da eleição do presidente do BID.
De acordo com Mantega ? que foi ministro dos governos Lula e Dilma Rousseff ?, a intenção foi contestar a indicação de Goldfajn, já que o nome do economista e ex-presidente do Banco Central foi apresentado pelo governo Jair Bolsonaro.
Apesar da tentativa de barrar a candidatura, o presidente eleito do banco multilateral defendeu que o momento é de “olhar para frente”.
“Todo mundo que eu falei no Brasil, das diferentes matizes, diferentes partidos, todo mundo me deu apoio. E eu sei que não há objeção ao meu nome, não houve objeção ao meu nome por ninguém no Brasil”, disse.
“Gostaria de olhar para frente porque eu vejo, agora, que a eleição saiu bem, que há apoio. Eu tô vendo já manifestações de todos os lados, inclusive do governo eleito. […] Acho que a gente tem que olhar para frente. Isso que é importante nesse momento. Acho que agora é o momento de a gente estar, de uma certa forma, ficar orgulhosos de ter um brasileiro finalmente [na presidência da instituição]?, acrescentou.
Seis dias depois da declaração sobre a eleição para o BID, Mantega pediu para deixar a equipe de transição de governo. Ele integrava o grupo de planejamento, orçamento e gestão.
*Sob a supervisão de Letícia Carvalho
Fonte G1 Brasília