A advogada Juliana Bierrenbach, que defendia o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) em investigação sobre suspeita de rachadinha enquanto era deputado no RJ, contou detalhes sobre a reunião de setembro de 2020, em que o então presidente Jair Bolsonaro (PL), o ex-chefe da Agência Brasileira de Intligência (Abin) Alexandre Ramagem e o então ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) general Augusto Heleno.
Ela contou ao Estudio i, da Globonews, na terça-feira (16) que ficou “em choque” quando entrou na sala e se deparou com Bolsonaro.
“Eu não tinha a menor ideia [de que ele estaria presente] e fiquei em choque ao ver o presidente.”
O senador Flávio Bolsonaro não estava presente na reunião e Juliana deixou o caso em abril de 2022.
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Confira o que disse a advogada sobre a reunião na entrevista:
- A advogada contou que sua ex-sócia, Luciana Pires, tinha marcado u reunião com o general Augusto Heleno, no Planalto, sobre o caso das rachadinhas de Flávio Bolsonaro, para protocolar uma petição no GSI sobre suspeitas de irregularidades na Receita Federal.
- Quando chegou ao Planalto, identificou-se e disse que chamou por uma pessoa, cujo nome não se recorda, e que não era o general Heleno. Essa pessoa a levaria para a reunião;
- Antes de entrar na sala onde a reunião aconteceria, ela e a ex-colega tiveram que deixar os celulares do lado de fora. Segundo ela, a medida impediria qualquer gravação;
- Apenas quando entrou na sala da reunião, ficou em choque ao ver que o então presidente Bolsonaro estava presente;
- Além do ex-presidente, estavam o general Heleno e o ex-chefe da Abin Alexandre Ramagem;
- Ela diz não saber o motivo de Bolsonaro e Ramagem estarem na reunião;
- Após alguns minutos na sala, entendendo onde e com quem estava, diz que realizou seu trabalho e apresentou a investigação que havia feito sobre o caso das rachadinhas de Flávio Bolsonaro. “Fiz o que eu fui lá fazer. Falamos de uma possibilidade de o Flávio ter sido alvo de um esquema dentro da Receita Federal.”;
- A advogada não questionou a presença de Bolsonaro na reunião. Ela afirma que “não podia fazer nada pois era o pai do seu cliente”;
- Juliana afirmou que nunca tinha visto ou encontrado com Ramagem anteriormente;
- Ela também afirmou que o ex-chefe da Abin não determinou ou fez algum pedido sobre o caso das rachadinhas. “Não fazia ideia do que ele estava fazendo lá [na reunião]. Nunca tinha tido contato com ele. Foi a primeira vez que vi o Ramagem. Ele jamais orientou nada. Não havia nenhuma orientação do Ramagem. É um equívoco dizer que ele tivesse feito alguma investigação.”;
- Que não sabia que estava sendo gravada.
Na segunda-feira (15), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) retirou sigilo de gravação em que Bolsonaro debateu ações para blindar seu filho número “01” com Ramagem e com o general Augusto Heleno, à época ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Juliana e outra advogada que representavam Flávio Bolsonaro estavam presentes.
A PF diz que foi discutida proteção a Flávio contra investigações. No áudio, Bolsonaro sugere entrar em contato com funcionários públicos, usar agências e órgãos do estado para ter informações que pudessem auxiliar a defesa de seu filho.
Bolsonaro, conforme transcrição da PF, debate dados produzidos pela Receita Federal e pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) com advogadas, com ministro do GSI e com o comandante da Abin.
Em determinado trecho, Bolsonaro fala que o então governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, prometeu resolver o caso de Flávio Bolsonaro em troca de uma vaga no STF (Supremo Tribunal Federal).
Segundo a Polícia Federal na investigação da Abin paralela, o áudio da reunião possivelmente foi gravado por Ramagem.
Fonte G1 Brasília