O que seria uma entrevista coletiva virou um pronunciamento, ou melhor, um discurso de campanha, em que o ex-presidente Donald Trump, agora condenado pela Justiça, despejou mentiras, ataques xenófobos e seguiu um roteiro conhecido: desqualificou o sistema judicial americano e apresentou-se como salvador do país e da Constituição.
O candidato republicano pôs a culpa do veredicto do corpo de 12 jurados no presidente Joe Biden, chamou o julgamento de farsa, atacou o juiz Juan Merchan e o promotor Alvin Bragg e vendeu-se como um combatente dos EUA e não como o primeiro ex-presidente americano que acabara de ser sentenciado como criminoso e estava em defesa de seus próprios interesses.?
?Tudo sai da Casa Branca. O tortuoso Joe Biden. Ele é o pior presidente da história do nosso país, o mais incompetente, o presidente mais burro?e o mais desonesto que já tivemos.?
Tudo isso saiu da boca de um candidato que considera fraude contábil um delito leve e não um crime.? E que aproveitou seu pronunciamento para associar Biden à entrada maciça de imigrantes no país, descrevendo falsamente as pessoas que atravessam as fronteiras como terroristas, criminosos e doentes mentais.?
A legião de expoentes do Partido Republicano reforçou o apoio contundente e a união em torno do candidato. Segundo na linha de sucessão nos EUA, o presidente da Câmara, Mike Johnson, classificou a condenação de Trump em 34 acusações criminais por fraude contábil como ?um dia vergonhoso na história americana?. ?Foi um exercício puramente político, não legal?, declarou.?
Como afirmou Averi Harper,?editora-adjunta de política da ABC News, o mais notável nesta corrida eleitoral é que o partido que se define como o ?da lei e da ordem? avança para indicar um criminoso condenado para liderar a sua chapa presidencial. Não há como mudar o rumo dessa prosa. Trump transformou o partido e o controla com rédea curta.
Fonte G1 Brasília