Neste sábado, a primeira-dama de Mato Grosso, Virgínia Mendes, publicou em suas redes sociais imagens de uma corrida de kart no Parque Novo Mato Grosso — obra ainda em construção, bancada com dinheiro público em uma das regiões mais valorizadas de Cuiabá, vizinha a empresas e empreendimentos dos barões do agronegócio. O kartódromo, já em fase avançada de execução, serviu de pista de lazer para o filho do governador, Luís Antônio Taveira Mendes, e outros jovens endinheirados, em um evento praticamente fechado: os únicos presentes eram os corredores e seus familiares nos boxes. Sem público, sem comunidade, sem povo. Apenas a elite girando em círculos sobre o asfalto novo pago por todos.
Enquanto o “parque dos bilionários” ergue-se como símbolo de exclusão — um verdadeiro apartheid social revestido de paisagismo e pista de alta performance — os municípios mato-grossenses sofrem com o colapso de serviços básicos. Faltam remédios, sobram filas na saúde, escolas estão precarizadas, e o transporte coletivo foi brutalmente golpeado com a substituição do VLT — projeto com 70% das obras prontas — por um BRT que nada mais é que ônibus com nome sofisticado. A “adrenalina” celebrada por Virgínia Mendes nas redes é o retrato fiel de um governo que governa para os seus, excluindo os outros. A primeira-dama ostenta sorrisos e motores, enquanto o povo vive a verdadeira tensão: a de quase sete anos de um governo que escolheu fazer do serviço público um privilégio dos ricos, e da dignidade do cidadão, um luxo dispensável.
