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Pedra a pedra: o caminho de Dino ao Supremo

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No dia 8 de março de março de 2021, quando o Supremo anulou as condenações de Luiz Inácio Lula da Silva, o hoje presidente recebeu quase que de imediato um recado. Um antigo aliado, que inclusive dava suporte jurídico a teses da defesa de Lula durante o cerco da Lava Jato, renunciaria à condição de pré-candidato à Presidência para, desde aquele momento, afiançar seu apoio ao petista. O aliado era Flávio Dino.

“O Lula decidiu não terceirizar a escolha para o Supremo. Não há mais um Sigmaringa Seixas, um Márcio Thomaz Bastos para ouvir. Ele, antes, se fiou muito nas indicações dos outros e fez escolhas simbólicas. Um negro, uma mulher… Dessa vez ele chamou a responsabilidade para si”, resume um auxiliar do petista.

Lula tem ressaltado publicamente que Dino reúne experiencia única para a vaga no STF, por ter passagens pelos Três Poderes. Juiz federal de carreira e ex-deputado federal, foi duas vezes governador do Maranhão, estado onde construiu uma aliança política tão ampla que chegou a apoiar mais de um nome à própria sucessão.

Em privado, aliados do presidente apontam esta característica, sim, como algo relevante, mas também outras. “Lula pagou com a própria pele os erros de indicações no passado”, avaliou há meses um ministro do Supremo.

Os 580 dias na prisão deixaram marca profunda.

“O presidente sentiu muito durante o processo da Lava Jato que o Judiciário ignora questões comezinhas da política. Nesse ponto, o Dino ganhou muita vantagem”, avalia outro integrante do STF.

O grupo mais próximo de Lula diz que o presidente vê o cenário institucional de hoje como mais desafiador e deteriorado do que o de 20 anos atrás, quando assumiu o Planalto pela primeira vez. “O momento do Brasil é mais complexo. As demandas de setores que buscam representatividade são muito legítimas, mas o cenário no país foi muito estremecido. Lula puxou essa tarefa para ele, por saber exatamente como Dino pensa e como age em momentos difíceis”, resume um aliado.

Dino foi um dos artífices da tese de que Lula, na eleição de 2022, deveria toda semana ir ao Nordeste, fazendo intensa campanha. Ele entendia que a vantagem obtida pelo petista na região seria definitiva para suplantar a do adversário, Jair Bolsonaro, no Sul e no Sudeste. Deu certo.

Com Lula eleito, Dino foi alçado a uma das pastas mais complexas da Esplanada, o Ministério da Justiça. Seja pelo legado bolsonarista, de certa cooptação dos órgãos de segurança, seja pela ideia de que a esquerda não é competente na formulação de políticas públicas para o setor, era um imenso desafio.

O ministro tornou-se, pelo estilo e pela história, uma das vozes mais eloquentes no combate ao legado do bolsonarismo dentro do governo Lula, o que hoje, com sua indicação ao STF, cobrará um preço. O grupo mais afeito a Bolsonaro votará em bloco contra sua indicação.

Mas, além do apoio do governo e de Lula, Dino conta com um ativo importante para mitigar resistências da centro-direita ao seu nome. Ele conta com os apoios dos ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, e tem a simpatia declarada do presidente do STF, Luís Roberto Barroso.

O suporte que Moraes e Mendes deram a Dino ultrapassou as fileiras do Supremo. O primeiro ministro, pessoalmente, procurou senadores de direita com os quais tem relações históricas para falar em favor de Dino. O segundo também atuou para organizar o apoio ao indicado por Lula.

Neste dia 13, o da sabatina de Dino, Moraes reafirmou seu apoio ao ministro em declaração exclusiva ao blog:

“Flávio Dino é um jurista competente, um político experiente e um homem público corajoso. A reunião dessas características é essencial para exercer o elevado cargo de ministro da Suprema Corte do país. Tenho certeza de que o Presidente Lula soube reconhecer essas qualidades no indicado.”

Fonte G1 Brasília

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