Em entrevista contundente a uma rádio de Sinop, o ex-governador Pedro Taques fez duras críticas à gestão de Mauro Mendes na área da segurança pública em Mato Grosso, classificando a situação atual como “caótica” e “irresponsável”. Taques apontou que o estado ocupa a segunda pior posição nacional em número de jovens fora da escola, segundo dados do IBGE de 2023, com mais de 32 mil adolescentes entre 15 e 17 anos afastados do ambiente educacional — número superado apenas por Roraima. Para ele, essa é a principal raiz da escalada da violência, ao contrário do que sugere a publicidade institucional do governo.
O ex-governador acusou a atual gestão de recorrer a uma narrativa perversa e distorcida ao transferir a responsabilidade da violência para os pais. “É um absurdo. O governo fez uma propaganda dizendo que a culpa pelas mortes de jovens é dos pais que não cuidam de seus filhos. Isso é de uma crueldade inaceitável”, disparou Taques, indignado com a estratégia comunicacional do Executivo estadual. Segundo ele, o abandono educacional empurra adolescentes para o recrutamento sistemático por facções criminosas que, ao perderem integrantes para a prisão ou a morte, os substituem com rapidez em uma engrenagem que só se amplia.
Taques defendeu o aumento do efetivo policial, mas alertou que apenas mais prisões não resolvem o problema. Para ele, a ausência de políticas integradas de inteligência, prevenção e educação perpetua o ciclo da violência. “Prender mais não basta. A falta de inteligência no combate ao crime e o abandono escolar alimentam diretamente as facções”, afirmou, sugerindo que a segurança pública de Mato Grosso está operando no improviso, subordinada à lógica do marketing e não da estratégia.
A declaração mais contundente do ex-governador veio ao final da entrevista: “Mato Grosso perdeu o jogo para as facções. O crime organizado venceu. E a segurança pública, sob o comando de Mauro Mendes, perdeu”. A fala evidencia o grau de desgaste e tensão política entre Taques e o atual governo, além de colocar a segurança pública no centro do debate estadual, em um momento em que a população vive sob o peso da insegurança cotidiana.