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O Peru amanheceu neste domingo (15) com bloqueios de estradas e manifestações pedindo a renúncia da presidente Dina Boluarte. Os atos aconteceram após o governo prorrogar por 30 dias (valendo a partir da meia-noite deste sábado para o domingo) o estado de emergência como modo de aliviar a grave crise política e social que o país vive.
O Executivo estendeu o estado de emergência nas regiões de Lima, Cusco, Callao e Puno para deter os protestos, autorizando os militares a intervir junto com a polícia para proteger a ordem pública. O governo também ampliou o toque de recolher em Puno, epicentro dos protestos. A medida valerá por 10 dias, das 20h às 4h, a partir de hoje.
A decisão ocorre no momento em que associações convocaram mobilizações do sul do Peru para Lima a partir de segunda-feira, ação que as autoridades classificam como um “motim” para desestabilizar Boluarte.
Segundo pesquisa divulgada hoje pela empresa Ipsos, Boluarte tem 71% de reprovação.
Os protestos, que deixaram ao menos 42 mortos em cinco semanas, segundo a Defensoria do Povo, foram retomados no dia 4 de janeiro, após uma trégua nas festas de fim de ano.
Neste domingo, 99 trechos de rodovias estavam bloqueados por manifestantes em 10 das 25 regiões peruanas que pedem a renúncia de Boluarte, que assumiu a presidência depois que o Congresso destituiu Pedro Castillo após seu golpe de Estado fracassado.
Entre as regiões com vias bloqueadas estão Puno, Arequipa e Cusco (sul), informou a Superintendência de Transporte Terrestre, acrescentando que nunca houve tantos bloqueios na atual crise. Em Arequipa, dezenas de moradores fecharam a rodovia Panamericana Sur, que chega à região de Tacna, na fronteira com o Chile.
Na noite de sábado, dezenas de manifestantes chegaram ao distrito de Miraflores, em Lima, depois de partirem da praça San Martín, na região central.
Em Cusco, o serviço de trem para a cidadela inca de Machu Picchu foi retomado neste domingo, após dois dias de paralisação devido aos protestos.
Missa pelos mortos
Com fotografias no átrio da Catedral de Lima, uma missa foi realizada na manhã deste domingo para lembrar as vítimas que morreram durante os protestos.
“Queremos dedicar esta missa a nossos falecidos por mãos humanas nestes dias. Todos são nossos mortos, não há morte alheia. Somos todos peruanos”, declarou o arcebispo de Lima, Carlos Castillo.
O religioso nomeou cada uma das vítimas civis e o policial que foi queimado vivo na cidade de Juliaca, na fronteira com a Bolívia.
Dezenas de pessoas assistiram à missa celebrada em espanhol e quíchua (língua original dos Andes peruanos) na Basílica Catedral de Lima.
A presidente pediu perdão na sexta-feira pelas mortes causadas pela crise e instou o Congresso a acelerar os procedimentos para realizar eleições antecipadas em abril de 2024.
Mais de 100 intelectuais peruanos, cinco argentinos e dois chilenos pediram ao governo de Boluarte que “cesse imediatamente o assassinato de cidadãos que estão exercendo seu legítimo direito de existir politicamente”.
“Pedimos a Dina Boluarte que ouça a reivindicação do povo e renuncie, que deixe imediatamente o cargo e convoque eleições imediatas”, acrescentaram os escritores e artistas signatários do pronunciamento.
O vice-ministro de Governança Territorial, José Muro, destacou na TV estatal que o compromisso do governo é estabelecer esta semana espaços de diálogo nas regiões em conflito de modo a dar resposta às reivindicações sociais adiadas.
Fonte G1 Brasília