A descoberta de arquivos deletados nos computadores do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) Mauro Cid, fez com que a Polícia Federal conseguisse cruzar novas informações em dispositivos de outros investigados, robustecendo as apurações sobre a tentativa de golpe perpetrada por apoiadores radicais do antigo governo em 8 de janeiro de 2023.
A PF trabalha nos ajustes dos últimos detalhes da investigação e deve finalizar o relatório final do caso até o fim deste mês.
Os arquivos apagados por Cid foram recuperados, como noticiou Eliane Catanhede em seu blog em outubro, com a ajuda de um equipamento israelense.
De posse dos dados, a PF conseguiu desvendar novas narrativas disparadas entre alvos da apuração sobre a operação para impedir a posse do presidente eleito em 2022, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O cruzamento dos dados fez com que a corporação tivesse de adiar a finalização do documento que sintetizará os achados da investigação –e que pode apontar o indiciamento de Bolsonaro e alguns de seus colaboradores mais próximos.
Os achados nos dispositivos de Cid também representaram um novo obstáculo à manutenção do acordo de colaboração firmado pelo ex-ajudante de ordens de Bolsonaro com as autoridades.
Nas palavras de um investigador, não é facultado ao delator a possibilidade de omitir informações dos investigadores, uma vez que ele, para obter os benefícios do acordo, se compromete a dizer tudo o que sabe sobre os potenciais crimes dos quais tenha participado ou tomado conhecimento.
Com isso, o peso do acordo de colaboração celebrado pelo aliado do ex-presidente está sendo reavaliado. “O que a gente precisa entender é se o acordo para de pé”.
Cid já foi gravado fazendo críticas à ação da Polícia Federal, em mensagens obtidas pela revista Veja. A defesa do ex-ajudante de ordens sempre afirmou que a conduta dele é legal e de absoluta cooperação com as autoridades.
Fonte G1 Brasília