A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a condenação dos sete réus do chamado núcleo de desinformação da trama golpista.
Segundo a acusação, o grupo utilizou a estrutura da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para fabricar e disseminar informações falsas contra o sistema eleitoral e autoridades, com o objetivo de gerar instabilidade social e abrir caminho para manter Jair Bolsonaro no poder de forma ilegal.
Quem são os réus
O grupo é formado por militares do Exército, um ex-funcionário da Abin e um engenheiro que questionou a integridade das urnas sem apresentar provas:
- Ailton Gonçalves Moraes Barros
- Ângelo Martins Denicoli
- Carlos César Moretzsohn Rocha
- Giancarlo Gomes Rodrigues
- Guilherme Marques de Almeida
- Marcelo Araújo Bormevet
- Reginaldo Vieira de Abreu
Estrutura de contrainteligência
De acordo com o parecer, o núcleo atuava como uma ?central de contrainteligência? da organização criminosa. Usando recursos da Abin, produzia materiais fraudulentos contra opositores do governo e os repassava para redes sociais por meio de perfis falsos ou cooptados. A estratégia, afirma a PGR, permitia manter os beneficiários políticos da desinformação afastados da execução direta dos ilícitos.
As investigações apontam ainda que autoridades como ministros do STF, parlamentares, servidores do Ibama e da Receita Federal, além de jornalistas, foram monitorados. O relatório registra que a atuação do núcleo ganhou força a partir da radicalização dos discursos públicos de Bolsonaro em 2021, caracterizando o início coordenado da execução do plano golpista.
Ligação com o 8 de janeiro
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirmou que as campanhas de desinformação foram essenciais para o levante popular que culminou nos ataques de 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas e depredadas em Brasília.
?Essas ações propiciaram o nascimento e o crescimento do sentimento popular de desconfiança em face da estrutura vigente, criando o ambiente necessário para a ruptura institucional?, disse Gonet.
Crimes imputados
A PGR pediu a condenação dos réus pelos crimes de:
- organização criminosa armada;
- tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
- tentativa de golpe de Estado;
- dano qualificado;
- deterioração de patrimônio tombado.
Além disso, solicitou que o STF estabeleça um valor de indenização para ressarcimento dos danos causados pelos atos de vandalismo.
Próximos passos
Com a manifestação da acusação, as defesas terão 15 dias para apresentar seus argumentos finais. Essa é a última etapa antes do julgamento, que será realizado pela Primeira Turma do STF. A sessão ainda não tem data marcada.
As defesas negaram o envolvimento dos acusados tanto na tentativa de golpe quanto na divulgação de informações falsas.
Fonte G1 Brasília