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“Pobre de Direita”: Como os mais pobres defendem a elite e atacam seus próprios interesses

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O sociólogo Jessé Souza, no livro Pobre de Direita, analisa como uma parcela significativa da população pobre adere a discursos conservadores e neoliberais que beneficiam as elites e prejudicam suas próprias condições de vida. O autor desmonta a ideia de que isso ocorre por ignorância ou manipulação midiática, argumentando que há um processo mais profundo de identificação simbólica com os valores das classes dominantes, reforçado pela mídia, igrejas e redes sociais.

Segundo Souza, o “pobre de direita” é aquele que acredita na meritocracia, rejeita políticas públicas de inclusão e direciona sua revolta contra outros pobres, enquanto defende políticos e empresários que aprofundam sua precarização. Um exemplo prático são trabalhadores precarizados que se opõem a programas sociais, por considerá-los um incentivo à “preguiça”, sem perceber que a desigualdade estrutural impede sua própria ascensão econômica. Além disso, muitos se tornam eleitores fiéis de figuras populistas que exploram seu ressentimento, desviando sua indignação de problemas reais, como a concentração de renda e a corrupção empresarial.

O livro traz um exemplo emblemático dessa contradição: o caso de setores populares do Sul do Brasil que expressam preconceito contra nordestinos, acusando-os de serem “preguiçosos” e de viverem de benefícios do governo. Segundo Jessé Souza, essa visão ignora que o próprio Sul também tem grande desigualdade e pobreza, e que os trabalhadores sulistas enfrentam as mesmas dificuldades estruturais dos nordestinos. No entanto, o discurso dominante faz com que esses sulistas pobres se identifiquem com a elite local, acreditando-se superiores e direcionando seu ressentimento para um inimigo fictício – os nordestinos – ao invés de questionar as reais causas da exploração econômica.

O livro também destaca o papel das redes sociais e da grande mídia na consolidação desse fenômeno. Algoritmos reforçam discursos de ódio contra a esquerda e contra minorias, criando um ambiente onde o “pobre de direita” se vê como aliado de um projeto político que, na prática, só beneficia a elite. Essa manipulação faz com que setores populares apoiem medidas como a redução de direitos trabalhistas e a privatização de serviços essenciais, sob a promessa ilusória de crescimento econômico e ordem social.

Para combater essa dinâmica, Jessé Souza defende a necessidade de um trabalho de base voltado à educação política e à conscientização popular. Segundo ele, apenas um enfrentamento direto das narrativas neoliberais e conservadoras pode reverter esse quadro, resgatando a noção de justiça social e fortalecendo movimentos que realmente representem os interesses da classe trabalhadora.

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