Na crônica política mato-grossense, não é raro ver jornalistas que se apaixonam mais por seus próprios espelhos do que pela liberdade de imprensa. É o caso do senhor Ramom Monteagudo Laravia, proprietário do site Midianews, que resolveu acionar o Ministério Público após se sentir ofendido com críticas que circularam em grupos de WhatsApp. Ocorre que, entre o chilique e a queixa, Ramom esqueceu o essencial: que a ação penal por crimes contra a honra é privada, exigindo que o próprio ofendido apresente queixa-crime em até seis meses. Resultado: perdeu o prazo e, com isso, perdeu também a pose de mártir da democracia. A justiça arquivou tudo, e a punibilidade foi extinta — com o devido carimbo da decadência jurídica.
A tentativa do senhor Monteagudo de transformar críticas políticas em crime revela não apenas um apego desmedido à própria reputação, mas uma compreensão estreita da democracia — essa mesma que permite que jornalistas sejam criticados, satirizados e até mesmo questionados, sobretudo quando se posicionam como atores ativos no jogo político. Querer censurar vozes alheias enquanto se ocupa do microfone é uma contradição digna de estudo. Não bastasse o exagero da denúncia, a própria motivação foi desmoralizada: segundo o Ministério Público, os comentários sequer ofendiam Mauro Mendes diretamente — tratavam, isso sim, da suposta subserviência editorial de Ramom, tratado como “chefinho” do governador.
O episódio ensina muito mais sobre o ego de certos jornalistas do que sobre qualquer crime. Fica a impressão de que, entre a vaidade e a Constituição, Ramom preferiu a primeira — e ainda tropeçou na própria pressa. A ironia? Um comunicador, que vive de criticar e expor os outros, não conseguiu sustentar uma crítica dirigida a si mesmo. A liberdade de imprensa, tão cara à sociedade, felizmente sobreviveu à tentativa de censura vinda, pasmem, de quem se diz seu guardião.