O mapeamento de estruturas milenares na região do Alto Xingu, no Brasil, na esteira da mais recente descoberta de cidades com 2,5 mil anos de história na Amazônia equatoriana, é, para o biólogo Luiz Aragão, “uma porta para o futuro”.
Para Luiz, a relação entre os resquícios de civilizações antepassadas e a biodiversidade de espécies já domesticadas pela humanidade “pode ser aprendido e utilizado para um desenvolvimento bioeconômico”, como ele explica em entrevista ao podcast O Assunto desta segunda-feira (22).
“Esses estudos, na minha visão, são uma porta para o futuro do planeta. […] Existe uma relação muito forte entre a probabilidade da ocorrência dessas estruturas e espécies florestais, ou seja, biodiversidade local que tem interesse antrópico ou áreas com com elevada probabilidade de ocorrência das estruturas arqueológicas.”
“Quanto maior a probabilidade de ocorrência, maior a densidade de espécies que nós chamamos de espécies domesticadas, que são aquelas espécies florestais utilizadas pelo homem como a castanha, como o açaí, outras espécies que produzem óleos essenciais”, diz Luiz.
Para identificar as construções, o estudo contou com lasers da tecnologia Lidar capazes de conseguir olhar através das copas das árvores para mapear essa estruturas.
? E o que essas estruturas revelam? Que havia uma complexidade muito grande com interconexões, estradas e toda a conexão entre a cidade e a parte agrícola onde se mantinha a produção de alimentos, como explica Luiz, que também é chefe da divisão de observação da terra e geoinformática do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Sobre as formas dessas estruturas, Luiz explica que eram imagens e obras na terra.
“As populações escavavam, por exemplo, trincheiras com cerca de 5 metros de profundidade e uma área que pode ser equivalente a um campo de futebol em formas quadradas, retangulares, circulares para fins de rituais, fins de defesa, e algumas até para a produção de alimentos. Essas estruturas, após o seu uso, há mais de 500 anos, foram colonizadas, recolonizados pela floresta e ali ficaram protegidas pela floresta.”
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O podcast O Assunto é produzido por: Mônica Mariotti, Amanda Polato, Carol Lorencetti, Gabriel de Campos, Luiz Felipe Silva e Thiago Kaczuroski. Neste episódio colaborou: Sarah Resende.
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Fonte G1 Brasília