Por que prometer se não se pode cumprir? Essa é a pergunta que ecoa pelas ruas de Cuiabá e no coração de Mato Grosso. Em 8 de abril de 2019, no calor de um palanque repleto de flashes e aplausos, o governador Mauro Mendes aproveitou a entrega oficial do Hospital Municipal de Cuiabá (HMC)feita pelo Prefeito Emanuel Pinheiro , 100% concluído pela prefeitura da capital , para fazer outra promessa: a construção do Hospital Central de Cuiabá. O prazo? Dois anos. Hoje, quase cinco anos depois, o que temos? Nada além de promessas desbotadas pelo tempo em outdoor’s espalhados pela cidade que custaram milhões,um cronograma fictício enterrado em discursos.
O Hospital Central foi licitado ainda em 2019, e sua obra já se arrasta por quatro anos. Com cerca de 95% concluída, o restante que falta — menos de 5% — segue parado como se houvesse uma força invisível impedindo sua entrega. Por quê? A explicação de bastidores é inquietante: a estratégia seria segurá-la até o último momento, para que Mauro Mendes pudesse fazer um espetáculo de despedida antes de deixar o cargo e entregar a pesada conta da manutenção ao próximo governo.
O governador já navegou por um mandato inteiro e está prestes a encerrar metade do segundo. A contagem regressiva está clara: ele tem apenas mais 1 ano e 4 meses no cargo, considerando que, em 1º de abril de 2026, deverá desincompatibilizar-se para disputar uma cadeira no Senado. Eis o plano já conhecido: deixar o governo nas mãos do vice, Otaviano Pivetta, enquanto busca outra escada no cenário político. O roteiro não é novidade; foi exatamente assim com Silval Barbosa, que herdou o comando de Mato Grosso no passado.
Enquanto isso, o Hospital Central permanece um fantasma de concreto e cimento. E quem segurou o caos durante a pandemia? O HMC. Foi a prefeitura de Cuiabá que assumiu o peso de uma crise sanitária que deveria ser dividida com o governo estadual. Cuiabá fez sua parte. Mato Grosso, nem tanto. Mauro Mendes preferiu se esconder atrás de cifras publicitárias e eventos pomposos enquanto o povo cuiabano aguardava, doente, por uma promessa que nunca se cumpriu.
O legado do governador será um hospital quase pronto, mas ainda inacabado. Uma saúde estadual esvaziada e, quem sabe, uma tentativa frustrada de sentar na cadeira de senador. Mas o povo não esquece. A fita que ele planeja cortar no último minuto da sua gestão pode muito bem virar a corda que amarra seu nome ao fracasso. Afinal, em política, tão importante quanto prometer, é cumprir. E Mauro Mendes, até agora, construiu apenas discursos.