Depois de ser duramente criticado até por empresários e economistas liberais, o Banco Central tem uma semana de mais pressões pela frente.
O governo espera que a ata do Comitê de Política Monetária (Copom), a ser divulgada nesta terça-feira (27), venha num tom diferente do comunicado, sinalizando que um corte dos juros já está no horizonte.
Na quinta-feira (29), tem reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) para debater meta de inflação de 2024 e 2025, com desejo do presidente Lula de que elas sejam alteradas para cima.
Além dessas agendas, o líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues, deve protocolar nesta segunda (26) na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado um requerimento de convocação do presidente do BC, Roberto Campos Neto.
O senador quer que Campos Neto explique a decisão do Copom da semana passada, quando o governo esperava pelo menos uma sinalização de queda dos juros na reunião do órgão em agosto, mas que acabou não sendo dada.
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A decisão do Copom, que manteve a taxa de juros em 13,75% ao ano, foi alvo de críticas do presidente Lula, do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e ganhou mais adeptos nos ataques ao BC no empresariado e também no Congresso Nacional. Randolfe quer aprovar e marcar a convocação de Campos Neto antes do recesso parlamentar.
Na reunião do CMN, apesar do desejo de Lula, o governo não deve mudar a meta de inflação do próximo ano, fixada em 3%, e manter a mesma para 2025. O que pode mudar é o modelo de prazo para se atingi-la.
O ministro Fernando Haddad defende que não seja mais adotado o ano-calendário, em que o BC tem de perseguir a inflação num período de um ano, e passar para a meta contínua, que daria um período mais longo para o banco levar a taxa de inflação para o centro da meta.
Segundo ele, esse é o modelo adotado pela maioria dos países que trabalham com o sistema de metas de inflação.
No CMN, Haddad terá o apoio da ministra do Planejamento, Simone Tebet, que também está cobrando uma redução da taxa de juros.
O terceiro voto no conselho é o do presidente do BC. Ele é contra a mudança da meta, mas seria mais flexível em relação ao período para atingi-la. Num prazo mais longo, o Banco Central poderia não ser tão rigoroso no curto prazo.
Fonte G1 Brasília