Candidata à presidência pelo Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), Vera registrou no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) um programa de governo baseado na “independência de classe”, com ampliação da liberdade de sindicatos e de partidos políticos da classe trabalhadora através de uma mobilização coletiva .
Segundo o documento, o programa “está centrado em cinco propostas que partem das questões mais sentidas pelos trabalhadores em seu dia a dia e fazem a ponte com a necessidade de um governo dos trabalhadores”. São eles:
- o combate imediato à fome e à miséria;
- a defesa da soberania e da ruptura com o imperialismo;
- o combate a todas as formas de opressões;
- a defesa do meio ambiente;
- e, para defender os trabalhadores, atacar as propriedades das grandes empresas.
Emprego e direitos do trabalhador
Organizado em 24 pontos, o programa aponta que “a precarização do trabalho é uma expropriação dos direitos básicos dos trabalhadores como trabalho regular, férias, décimo terceiro, aposentadoria”. Por isso, defende que “para empregar a todos, é necessário um grande plano de obras públicas para construir casas populares (e assim suprir o grande déficit habitacional), saneamento básico, hospitais, escolas, creches, espaços culturais, estradas e metrôs”. Além disso, como solução para a precarização do trabalho, acredita que é preciso:
- duplicar o salário mínimo;
- para combater os efeitos da inflação, é necessária a correção automática dos salários;
- o fim imediato da precarização do trabalho, com todos os trabalhadores com carteira assinada, estabilidade no emprego, direito a férias, décimo terceiro e aposentadoria;
- jornada diária de 6 horas (30 horas semanais), para todos. Isso permitiria a criação de outro turno de trabalho, empregando mais pessoas, dividindo entre todos do trabalho necessário ao país;
- auxílio emergencial de um salário mínimo para todos os trabalhadores desempregados como medida transitória até que esse plano esteja empregando a todos.
No que diz respeito aos pequenos empresários, o documento recomenda “perdão das dívidas bancárias das micro e pequenas empresas”.
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Tributação e expropriação do sistema financeiro
A proposta do PSTU é “mudar radicalmente a estrutura de impostos do país. Quem paga mais impostos no Brasil, relativamente ao que ganha, são os mais pobres”. O programa informa que a “isenção de impostos para as grandes empresas é maior que os investimentos do Governo Federal em saúde e educação somados”.
Com isso, defende a isenção do pagamento de imposto de renda para quem ganha até 10 salários mínimos e propõe o fim das isenções para as grandes empresas.
Leia também:
- Programa de governo: presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva
- Programa de governo: presidenciável Felipe D’Avila (Novo)
- Programa de governo: presidenciável Léo Péricles (UP)
- Programa de governo: presidenciável Sofia Manzano (PCB)
- Programa de governo: presidenciável Pablo Marçal (Pros)
O documento fala sobre “expropriação do sistema financeiro” mediante a suspensão do pagamento da dívida pública aos bancos e estatização de todo o sistema financeiro, e recomenda o cancelamento das dívidas bancárias dos trabalhadores e pequenos comerciantes.
Serviços gratuitos para a população: saúde, educação e transporte
Entre as propostas apresentadas, estão também as de serviços públicos gratuitos para toda a população. O programa menciona a necessidade de uma “mudança completa nos serviços públicos de educação, saúde e transporte no país seja financiado com a expropriação dos bancos, sob controle dos trabalhadores”.
Para a saúde, defende que exista uma “completa estatização da saúde, com a expropriação dos hospitais e grupos privados de saúde”. O projeto indica que é preciso “quebrar todas as patentes, que hoje se encontram nas mãos de grandes laboratórios, de vacinas e remédios necessários à população para garantir acesso a toda população”.
Já entre as propostas voltadas para a educação, estão:
- educação pública, gratuita e de qualidade para todos, em todos os níveis do fundamental as universidades;
- aumento das verbas para a educação;
- expropriação dos grupos privados da educação;
- acesso livre às universidades;
- expansão qualitativa do investimento para a produção de conhecimento no país, na produção científica e tecnológica nas universidades, mas também para além delas.
E ainda, sobre mobilidade e transporte público, o PSTU propõe a construção de metrôs nas grandes cidades e a estatização de todas as empresas de transporte (e que ele se transformem em um serviço gratuito).
Habitação para todos
O partido apresenta uma proposta de direito a habitação para todos os brasileiros, com um plano que defende “absorver boa parte dos empregados” e possibilita atender a população sem teto. Isso através da criação de um “plano de obras públicas para a construção de habitações populares e saneamento básico” em todo o país. Entre os pontos, estão:
- a desapropriação dos imóveis dos grandes proprietários que vivem da especulação imobiliária;
- o dinheiro para construir essas seis milhões de casas e demais equipamentos públicos necessários à população virá integralmente dos R$ 346,6 bilhões de isenções de impostos que o governo dá todos os anos às grandes empresas;
- imediata legalização das ocupações de terrenos, com urbanização e saneamento adequados.
Direitos humanos
Em diversos pontos do programa, o partido cita o combate à opressão e discriminação de grupos minoritários, com propostas para o fim do racismo, do machismo, da LGBTQIfobia, do capacitismo, da xenofobia e de uma sociedade que respeite os direitos dos povos indígenas e das comunidades quilombolas. E apresenta propostas que acabem com a desigualdade de gênero e opressão da mulher, como:
- aplicação e ampliação da Lei Maria da Penha;
- delegacias especializadas com funcionamento em tempo integra e fácil acesso para as mulheres;
- centros de referência e casas abrigos para as vítimas e seus filhos em todas as cidades;
- fim da dupla jornada e socialização do trabalho doméstico com lavanderias públicas e restaurantes comunitários;
- creches e escolas em tempo integral para todos os filhos e filhas da classe trabalhadora;
- centros de lazer e convivência de idosos e serviços de apoio para todos que necessitam de cuidados especiais;
- licença e salário maternidade e paternidade por um ano com estabilidade no emprego;
- direito ao aborto.
Segurança pública
O documento sugere que a população eleja comandantes e delegados. Cita ainda a necessidades de uma “política para setores armados do Estado”, defende a desmilitarização das polícias militares e exige a punição dos crimes cometidos contra a população por membros de forças policiais e militares. “Defendemos o desmantelamento completo de todo o aparato repressivo contra o povo e a revogação das leis repressivas”.
Fonte G1 Brasília