Quem não conhece a extensa carreira de Aderbal Lana? O ex-treinador e atual coordenador técnico do Amazonas, que enfrenta o Cuiabá nesta terça-feira na Arena Pantanal, tem uma história brilhante no futebol mato-grossense.
Considerado uma lenda pela crônica esportiva e pelos torcedores, o professor Aderbal Lana rende boas histórias ao longo dos seus 78 anos. Além de ter sido o treinador mais velho do futebol brasileiro, é também o técnico com mais títulos estaduais (12).
Em entrevista ao ge, Lana contou um pouco de sua história no futebol mato-grossense, mas antes fez questão de deixar claro por que parou de ser treinador.
– Não tenho nenhum problema físico, nem mental. O corpo responde bem. Mas eu resolvi parar. O futebol virou um ‘mimimi’ danado. Você tem que tratar o jogador como se fosse um filho muito querido, porque… tá difícil. Não vamos alongar nisso.
Lana tem títulos, discussões e até confusões. Em 1978, assumiu o Dom Bosco no último ano antes da divisão do estado de Mato Grosso. O estado foi dividido em dois em 1979.
– Assumi o Dom Bosco e fiz duas partidas em Mato Grosso do Sul. Jogamos contra o Operário-MS e contra o Comercial-MS. Ganhamos lá, das duas equipes, e a equipe ia bem. Em uma partida aqui, contra o Barra do Garças, houve uma tentativa de interferência de um diretor no banco de reservas… eu virei as costas, saí do banco de reservas e fui embora. Voltei para a minha terra natal.
Mixto: tricampeão estadual e presença na elite do Brasileirão
10 Dias depois ele estava de volta, desta vez para comandar o Tigre da Vargas.
– O Mixto me ligou, por meio do Lino Miranda (presidente do clube na época). Então acertei com o time e fui campeão mato-grossense em 79.
O técnico ainda conquistou os títulos de 1980 e 1981. Em 1982, deixou a equipe mato-grossense para assumir o comando do Goiás. Em 1985, retornou ao Mixto para o Campeonato Brasileiro daquele ano.
– Passei o primeiro turno praticamente na ponta da tabela, a gente estava muito bem no grupo. Recebi uma proposta do Nacional-AM, e meu contrato com o Mixto estava terminando. Eu aceitei, embora o Mixto até tenha tentado cobrir a proposta. Trabalhei com um dos melhores dirigentes de futebol que já conheci, o Lino Miranda. Tudo o que eu pedia, ele atendia. Mas o Mixto tinha problemas com campo para treinamentos, então resolvi sair.
O Tigre da Vargas terminou o Brasileiro de 1985 em terceiro lugar no grupo, avançou para a segunda fase e foi eliminado posteriormente. O treinador ainda esteve à frente do Mixto em 2006, em uma curta passagem.
Final do Matogrossense em 85: confusão com cinegrafista
Era o Clássico dos Milhões. O Operário-VG jogava pelo empate diante de um Verdão lotado (antigo estádio onde é a Arena Pantanal). Naquela época, não se podia levantar do banco ? não existia a área delimitada como existe atualmente.
– O jogo, no final ? faltando 10, 15 minutos ?, o Operário-VG crescendo na partida, o Mixto vencendo por 1 a 0… Ele veio pro banco, e eu pedindo pra ele sair da minha frente, mas ele teimava comigo. Aí eu empurrei ele que caiu nas escadas e quebrou os equipamentos. Respondi a um processo por muito tempo. Fui embora de Cuiabá por causa disso. Isso me deu dor de cabeça. Depois, pedi desculpas a ele.
O treinador lembra de muitos jogadores consagrados que comandou em um período em que Mixto e Dom Bosco tinham equipes fortes, considerado a época de ouro dos clubes, e ainda nutre grande carinho pelo alvinegro.
– No Dom Bosco, treinei Adilson, Barga, Fidélis, Gonçalves e Edu, ponta-esquerda que veio do Santos. No Mixto, treinei Pastoril, Vanderlei e Bife. Grandes jogadores – relembra Aderbal Lana.
Sobre o primeiro duelo na história entre a Onça-Pintada e o Dourado, Aderbal espera um triunfo da equipe amazonense além de torcer para que o Mixto volte a ser protagonista no cenário nacional.
– Vamos ver se meu Amazonas ganha do Cuiabá. Precisamos dessa vitória. A equipe não passa por um bom momento, mas é uma equipe boa, que está se remontando. Gostaria de ver o Mixto em uma situação como a que o Cuiabá está. O Mixto tem uma torcida incrível. Me lembro da Nhá Barbina, que era uma torcedora símbolo da equipe, e que a gente respeitava bastante.
Fonte GE Esportes