O PT atacou o “circo de horror” criado por Roberto Jefferson, ao descumprir ordem judicial e atirar contra agentes federais, mas alertou internamente que o objetivo do bolsonarismo é exatamente desviar o foco da economia na última semana da eleição. Por isso, Lula vai focar a semana no que interessa diretamente a população.
O ex-presidente já criticou e vai seguir criticando a atuação do ex-presidente do PTB, explorando a ligação de Roberto Jefferson com o presidente Jair Bolsonaro. Mas os principais ataques ficarão com seus aliados, principalmente o deputado André Janones (Avante-MG), nas redes sociais.
Um vídeo associando Bolsonaro e bolsonaristas à violência, com imagens do presidente ao lado de Roberto Jefferson, já foi gravado e vai ser divulgado pela equipe de campanha do petista. A avaliação é que o caso, que poderia ser negativo para o PT, acabou tendo um desfecho que reforça o comportamento do presidente que estimula a população a se armar, o que é rejeitado principalmente pelo eleitorado feminino.
No domingo à noite, a equipe de campanha avaliou, porém, que Lula não pode cair na “armadilha bolsonarista” de tentar se desviar do que realmente interessa à população. Por isso, a orientação é seguir focando em temas como reajuste real do salário mínimo, volta do Bolsa Família, combate ao desemprego, pontos que desgastam a imagem do presidente da República.
Dentro do comitê de Lula, assessores do petista acreditam que o que aconteceu neste domingo foi tudo planejado pelo ex-deputado Roberto Jefferson, junto com interlocutores do presidente da República, para tumultuar a última semana da eleição presidencial.
Segundo um interlocutor de Lula, o ex-presidente do PTB fez os ataques virulentos contra a ministra Cármen Lúcia para provocar sua prisão, se passar por vítima de uma perseguição do Supremo Tribunal Federal e mobilizar os bolsonaristas.
O roteiro só deu errado porque Roberto Jefferson acabou atacando, a tiros de fuzil e granadas, agentes da Polícia Federal. Antes, a ordem era que os bolsonaristas fossem para a casa do aliado de Bolsonaro para defendê-lo, que se renderia sob aplausos dos bolsonaristas.
Diante da repercussão negativa, o próprio presidente da República, Jair Bolsonaro, fez questão de recuar. Depois de enviar seu ministro da Justiça, Anderson Torres, para negociar uma solução para a crise, Bolsonaro mudou de lado ao perceber a reação negativa ao episódio e terminou o dia chamando Roberto Jefferson de “bandido”.
Fonte G1 Brasília