O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta segunda-feira (9) que o processo de queda da inflação em direção às metas estabelecidas pelo governo, embora lento, permite ao Banco Central continuar com o ciclo de corte dos juros, mesmo em meio a um cenário internacional “mais desafiador”.
Galípolo participou, por videoconferência, de reunião do Conselho Empresarial de Economia da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).
“A gente tem um cenário mais desafiador do ponto de vista internacional nesse segundo semestre, com desafios novos que vão surgindo, inclusive com o conflito que surgiu ao longo desse final de semana [em Israel]. E com uma série de impactos para questão de preços internacionais. Temos um desafio maior hoje, um cenário mais desafiador”, afirmou o diretor do BC.
Galípolo lembrou que o BC vem indicando, em seus documentos, um ritmo de corte de 0,5 ponto percentual na taxa Selic a cada reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
- Ao fixar os juros, o BC já está buscando a meta de inflação de 2024 (de 3% e será considerada cumprida se oscilar entre 1,5% e 4,5%) e também para o período de 12 meses até o início de 2025.
- Isso ocorre porque as mudanças na taxa de juros demoram de seis a dezoito meses para terem impacto pleno na economia.
O diretor do BC acrescentou, porém, que o cenário internacional mais complexo é compensado por uma conjuntura melhor do ponto de vista doméstico.
“O Brasil consegue seguir em um ‘pace’ [ritmo] de corte de juros, no ritmo anunciado em agosto, primeiro porque a inflação vem apresentando comportamento benigno. A gente olha desde a virada do ano passado para agora, tivemos surpresas positivas tanto no crescimento econômico quanto na inflação. Crescimento veio superior ao que se imaginava. E a inflação, apesar do crescimento maior, não teve surpresa negativa com inflação maior”, disse o diretor do BC.
Taxa de câmbio
Gabriel Galípolo também comentou sobre o patamar da taxa de câmbio brasileira, que subiu nas últimas semanas fechando em R$ 5,16 na sexta-feira (6).
Em sua visão, a alta do dólar no Brasil é reflexo, principalmente, do patamar mais elevado dos juros nos EUA ? que estimulam uma retirada maior de recursos da economia brasileira.
“O mecanismo de transição do juro mais alto dos Estados Unidos para a política monetária [decisões sobre a taxa de juros brasileira] se dá pelo impacto que o câmbio pode ter no processo inflacionário”, explicou o diretor do BC.
Segundo Galípolo, o objetivo é superar os desafios domésticos e internacionais para ter taxas de juros e de câmbio em patamares que possibilitem o desenvolvimento do país de maneira estável e duradoura.
Fonte G1 Brasília