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Quem sustenta quem? Economista desmonta mito de que Nordeste depende do Sul e Sudeste

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É impressionante como certos discursos se espalham feito verdade incontestável, mas quando olhamos os números, a realidade é outra. O Nordeste, constantemente acusado de ser um peso morto nas costas do Sul e Sudeste, na verdade carrega sua própria cruz e, pasmem, talvez até banque uma parte dessa federação desequilibrada. O economista Pedro Fernando Nery faz o que muitos se recusam a fazer: destrincha os números e mostra que os estados ricos recebem mais do que imaginam e que o Nordeste, na verdade, é vítima de um sistema que o desfavorece.

Enquanto São Paulo embolsa R$ 400 bilhões em gastos federais, o triplo do que alguns estados nordestinos recebem juntos, a mentira do “Nordeste sustentado” segue firme, sustentada por uma narrativa torta e por um preconceito histórico. O governo gasta proporcionalmente o mesmo por habitante em São Paulo e no Maranhão, mas ninguém por aí fala disso. E mais: o dinheiro dos benefícios previdenciários, as renúncias fiscais, os investimentos pesados do BNDES, tudo isso enche os cofres do Sudeste muito mais do que do Nordeste. Mas falar disso incomoda.

A estrutura federativa brasileira é um jogo de cartas marcadas. O Nordeste não pode criar tarifas para proteger suas indústrias locais, não pode reformar suas leis trabalhistas para atrair investimentos, não pode sequer decidir sozinho como usar seu território para impulsionar o turismo. Está acorrentado a um modelo que concentra riqueza nos mesmos lugares de sempre. E ainda tem que ouvir que é sustentado por esses mesmos lugares. Cinismo tem limites, ou pelo menos deveria ter.

Se há algo que os números do IDP mostram com clareza é que essa história de que “o Nordeste vive às custas do Sul e Sudeste” é um delírio econômico. É um conto conveniente para quem não quer encarar a realidade de que o Brasil é uma federação feita para beneficiar quem já está no topo. Talvez, se tivéssemos uma distribuição mais justa de oportunidades e recursos, não precisaríamos de mitos para justificar desigualdades históricas. Mas aí já seria pedir demais, não é?

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