Num estado onde faltam medicamentos nas farmácias públicas, escolas caem aos pedaços e delegacias funcionam sem papel para imprimir boletins de ocorrência, o deputado estadual Paulo Araújo — servidor da saúde do estado e hoje empresário milionário relâmpago — resolveu passar o domingo fiscalizando o que realmente importa para a elite governante: a pista de motocross no “Parque Novo Mato Grosso”. Um condomínio de luxo institucionalizado, onde milionários e alguns bilionários poderão brincar de natureza gourmet bancada com dinheiro de todos nós.
O tal parque, que já consumiu milhões do orçamento estadual, virou símbolo máximo da política do apartheid social tocada pelo governador Mauro Mendes com o apoio entusiasmado de deputados como Paulo Araújo — que já bajulou Emanuel Pinheiro, depois se encantou por Carlos Fávaro e agora se atira, com a sutileza de um mergulho olímpico, nos braços de Mauro. O político que deveria defender a saúde pública virou garoto-propaganda do camarote dos ricos, enquanto as facções criminosas tomam conta dos bairros e os serviços básicos entram em colapso.
A promessa é de que o “Parque dos Barões”, como já vem sendo chamado nos bastidores, custe R$ 3 bilhões — dinheiro que poderia, quem sabe, manter postos de saúde funcionando ou reformar escolas. Mas não: será usado para garantir sombra e água fresca a uma elite que já tem de sobra. E como se não bastasse, vem aí um autódromo dentro do parque “padrão FIA”, com estrutura para corridas noturnas, iluminação especial e tudo que o contribuinte pobre jamais verá de perto — cujo custo, segundo especialistas do setor, não ficará abaixo de R$ 2 bilhões. A Arena Pantanal, que virou elefante branco, agora ganha companhia. Um novo monumento à ostentação, construído sobre os escombros do Estado social. E o povo? Que aplauda da calçada — se a calçada não estiver esburacada.