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Relação entre Brasil e Nicarágua deteriora com expulsão de embaixadores; entenda o caso

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O relacionamento diplomático entre o Brasil e a Nicarágua sofreu um abalo nesta quinta-feira (8), após o governo nicaraguense decidir expulsar o embaixador brasileiro, Breno Souza da Costa.

A medida foi uma retaliação à ausência do Brasil nas celebrações dos 45 anos da Revolução Sandinista (entenda mais neste texto), além de ser um reflexo das tensões crescentes entre os governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Daniel Ortega.

Aplicando o princípio da reciprocidade na diplomacia, o governo brasileiro mandou embora a embaixadora da Nicarágua em Brasília, Fulvia Matu.

Veja abaixo perguntas e respostas sobre o caso:

O que motivou a expulsão do embaixador brasileiro na Nicarágua?

A expulsão do embaixador brasileiro foi uma resposta à ausência do Brasil nas celebrações da Revolução Sandinista, em julho. O presidente nicaraguense, Daniel Ortega, é um ex-guerrilheiro do movimento sandinista e viu a ausência do Brasil como um gesto de desrespeito. Além disso, as relações entre os governos de Lula e Ortega, que já foram aliados, têm se deteriorado nos últimos anos.

Como o governo brasileiro reagiu à expulsão?

Em resposta imediata, o governo brasileiro decidiu expulsar a embaixadora da Nicarágua no Brasil, Fulvia Patricia Castro Matus. Segundo o Itamaraty, essa medida foi tomada como um ato de reciprocidade diplomática. A embaixadora nicaraguense, por sua vez, deve assumir um cargo no Ministério da Economia em seu país de origem.

Qual foi o impacto desses eventos nas relações Brasil-Nicarágua?

A expulsão de um embaixador é um gesto grave que simboliza uma deterioração significativa nas relações diplomáticas entre os dois países.

As relações entre Brasil e Nicarágua já estavam estremecidas, especialmente após o Brasil decidir congelar as relações diplomáticas por um ano, em resposta à repressão do governo nicaraguense contra a Igreja Católica.

Congelar relações diplomáticas significa suspender temporariamente as interações formais e oficiais entre dois países. Essa ação é menos extrema do que romper completamente as relações diplomáticas, mas ainda é um sinal de desacordo ou tensão significativa entre as nações envolvidas.

Por que o Brasil congelou as relações com a Nicarágua?

O Brasil decidiu congelar as relações com a Nicarágua como uma resposta à prisão de padres e bispos no país.

A decisão de não enviar o embaixador às celebrações da Revolução Sandinista foi uma consequência direta desse congelamento. A deterioração das relações foi ainda mais profunda após o governo nicaraguense se recusar a libertar o bispo Rolando Álvarez, um crítico fervoroso de Ortega, apesar das mediações realizadas pelo Brasil e pelo Vaticano.

Qual é o contexto político na Nicarágua?

A Nicarágua, sob o governo de Daniel Ortega, tem sido classificada como uma autocracia, segundo o índice V-DEM, que mede o status das democracias pelo mundo.

Ortega, um ex-guerrilheiro sandinista, governa o país desde 2007 e foi reeleito em 2021 em eleições consideradas não livres e injustas por observadores internacionais, incluindo os Estados Unidos. Ortega também enfrenta acusações de nepotismo, já que sua esposa, Rosario Murillo, é a vice-presidente do país, e ele nomeou vários parentes para posições importantes no governo.

Movimento sandinista

Daniel Ortega, de 72 anos, era um estudante nos anos 1950, quando se juntou às manifestações para derrubar a dinastia Somoza – que era apoiada pelos EUA e governava a Nicarágua havia quatro décadas. As atividades de Ortega fizeram com que fosse acusado de terrorismo e preso por sete anos no governo de Anastasio Somoza Debayle. Após sua liberação, em 1974, ele aderiu à Frente de Libertação Nacional Sandinista (FLNS). Em 1979, o último presidente Somoza caiu.

Nas eleições de 1984, virou presidente da Nicarágua pela primeira vez – com o apoio de cerca de 70% dos eleitores. Mas, em 1990, o fraco crescimento econômico e a desilusão política vinham minando suas credenciais, e Ortega perdeu a presidência para uma antiga companheira de guerrilha, Violeta Barrios de Chamorro.

Ortega perdeu três eleições seguidas, em 1990, 1996 e 2001. Ele voltou ao poder em 2006, com 38% dos votos. Críticos o acusam de se entrincheirar na presidência, inspirando-se nas táticas adotadas pela dinastia Somoza contra seus inimigos políticos: assassinar suas reputações manipulando a imprensa e reprimindo qualquer dissenso nas ruas. Também como Somoza, ele distribuiu parte da riqueza nacional e de sua influência com a família – sua indicação mais controversa foi escolher sua mulher, Rosario Murillo, como vice-presidente.

Fonte G1 Brasília

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