?Senador Chico me pediu para falar com você para ver se pode avisar aos outros membros da Comissão que o Exército confirmou agora a tarde a ida a surucucu amanhã cedo oito da manhã?
Foi com esta mensagem, enviada por “zap” (WhatsApp) pela secretária da Comissão Temporária Yanomami no Senado, que Chico Rodrigues (PSB-RR) ?convocou? os integrantes do grupo, do qual ele é presidente, a fazer uma visita ao território dos indígenas em Roraima.
O recado foi enviado às 19:24 do dia 19 ? domingo de carnaval ?, e o voo estava programado para sair de Brasília rumo à Terra Indígena pouco mais de 12 horas depois. Rodrigues foi o único integrante da comissão a visitar o território na ocasião, acompanhado de um assessor parlamentar.
A destinatária da mensagem era a senadora Eliziane Gama (PSD-MA), vice-presidente da comissão; naquele dia, ela estava em seu estado de origem, o Maranhão. Outro integrante do colegiado, Humberto Costa (PT-PE), sequer foi informado sobre a visita. Nesta sexta (24), Eliziane e Costa encaminharam ofício a Rodrigues pedindo explicações sobre a viagem. O mesmo foi feito pelo Ministério Público Federal em Roraima na terça (21).
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Os indígenas ?que criticaram a presença de Rodrigues, abertamente pró-garimpo, na comissão? também foram pegos de surpresa. Em vídeo divulgado nas redes sociais, o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuana (Condisi-YY), Júnior Hekurari Yanomami, contou: ?Até achamos que eram pacientes chegando, mas fomos surpreendidos porque era o senador Chico Rodrigues. Conversamos com ele, falando que era um constrangimento muito grande para nós recebermos ele aqui, e o convidamos a se retirar do polo de saúde de Surucucu?.
Entenda o caso
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Chico Rodrigues é presidente da comissão externa aberta no Senado para acompanhar a crise humanitária na Terra Yanomami, onde vivem cerca de 30 mil indígenas. Ele foi até a região na segunda-feira (20), durante o Carnaval, sem a companhia dos demais integrantes da comissão.
Além dos integrantes da comissão, a visita foi criticada também por associações indígenas dos Yanomami e pela ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, que disse que o senador não comunicou previamente a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) ou aos indígenas sobre sua ida ao território.
A disputa pelos três cargos-chave da comissão do Senado para investigar a situação dos Yanomami, instalada na quarta-feira (15), gerou embate entre governistas e os senadores de Roraima, que queriam ocupar todas as posições. Rodrigues, Mecias de Jesus (Republicanos) e Hiran Gonçalves (PP) já fizeram falas em defesa do garimpo e são alinhados ao ex-presidente Bolsonaro.
Fonte G1 Brasília