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Série de reportagens ouve brasileiros de diferentes posições políticas para entender como é a convivência entre eles

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A Globonews começou a apresentar aos assinantes, na manhã desta segunda-feira (30), uma série especial de reportagens preparada para esses dias que antecedem o primeiro turno das eleições municipais.

No Jornal Nacional, será exibido até sexta-feira (4), uma espécie de resumo diário de cada capítulo do trabalho jornalístico desse documentário.

Nilson Klava, Diogo André, Henrique Picarelli e Rafael Norton ouviram cidadãos nas cinco regiões do país. Brasileiros que se consideram conservadores ou progressistas. Pessoas que se declaram simpatizantes da esquerda – ou da direita.

Nessa investigação dos ânimos dos brasileiros, a questão central a ser esclarecer era saber se a tal polarização, se a intolerância que se vê nas redes sociais teria tornado impossível a convivência civilizada entre pessoas que pensam de formas diferentes.

O que responderia se alguém te perguntasse: você se considera mais de direita ou de esquerda? Será que prefere o centro? Você concorda mais com os conservadores ou com os progressistas? Ou não acredita em nenhuma dessas classificações?

Você sabe como o mundo anda intransigente quando o assunto é convicção ideológica e o Brasil também. Essa divisão é muita clara nas redes sociais, nas urnas eleitorais, mas quando se olha para os lados com um pouco mais de atenção, também fica muito claro que no meio de tanta divergência é perfeitamente possível dialogar e encontrar o que nos une como país.

Das águas do Amazonas às plantações de Mato Grosso do Sul; das indústrias de Santa Catarina às manifestações culturais do Maranhão; do futebol em Minas Gerais às ruas de São Paulo. Nós viajamos as cinco regiões do país para ouvir os brasileiros, conhecer suas histórias de vida, e entender como essas histórias impactam as decisões políticas de cada um.

Nossa viagem começou na região Norte. No Amazonas, conhecemos a Raimunda. Ela é líder comunitária e escolheu a esquerda na última eleição. Nós também conhecemos o Edmilson. Ele é do Pará. Era goleiro nas categorias de base do Paysandu. O Edmilson tem o perfil mais conservador e escolheu a direita na eleição de 2024.

Encontramos os dois em Manaus. A Raimunda estava saindo de uma consulta médica.

“A gente passa um mês, dois meses, três meses pra conseguir uma consulta. Tem vez que a gente nem consegue”, diz Raimunda Ferreira Viana, líder comunitária.

O Catalão, onde a Raimunda mora é uma comunidade flutuante que fica a poucos minutos de Manaus.

“Do lado aqui é o Solimões, do outro lado é o Rio Negro. Moramos entre um rio e outro. Aí nós passa a manhã tomando banho no Rio Negro. Agora, de meio-dia para tarde, agora eu vou tomar banho no Solimões. Na mesma praia. Se mete!”, brinca.

Nossa viagem foi em julho. O nível dos rios ainda estava começando a cair.

” O ano passado foi horrível. A seca bagunçou demais com a gente. E esse ano a previsão é de ser pior”.

As casas no Catalão são construídas em cima de toras de assacu. E todas elas têm uma espécie de âncora feita com uma caixa de pedra e cimento segura a casa.

Repórter: Quantos habitantes têm Catalão?

Raimunda: 117 famílias, 400 habitantes.

Repórter: E são quantas igrejas aqui?

Raimunda: São quatro.

“Esse aqui é a minha herança, né? É como Deus diz, né, tu verás o filho dos teus filhos. Esse aqui que me alegra”, diz Edmilson Brabo, ex-goleiro.

“A gente mora na mesma vila, então a gente precisa pagar conta de luz, tem que pagar conta de água, precisa se alimentar todos os dias. O almoço, às vezes faz lá, às vezes faz aqui e a gente se une para ser família. Nós temos diferenças em convicções políticas e a gente convive de forma harmoniosa como deveria ser na sociedade”, conta o professor e filho de Raimundo, Abrahão Nicolas Brabo.

Repórter: O que é definidor do voto do senhor?

“O ponto principal do candidato é a cidadania sobre família. Sempre a gente procura votar naqueles que estão ali nos apoiando, né? Sempre da igreja, evangélico, né? É importante para nós porque vai lutar pelos evangélicos”, responde Raimundo.

“O pessoal pregava muito política nos púlpitos das igrejas. Muito. Então, não aceitamos, né? O pastor, ele era direita. O senhor é o que o senhor é, mas aqui o senhor é nosso pastor”, afirma Raimunda.

Repórter: Com relação à comunidade, a senhora me disse que tem um grupo de whatsApp, né?

Raimunda: Comunidade Catalão. 90% são adicionados. Então, isso quer dizer o quê? Que todo mundo sabe o que acontece”.

Repórter: E política, tem no grupo?

Raimunda: Tudo tá no mesmo grupo. Ali sai de tudo. Direita, esquerda, direita, esquerda, aquela coisa toda. Mas tá lá, todo mundo sabe quem é quem. Tu é direita, tu é esquerda. Às vezes, né, quando estava na véspera das eleições presidenciais, aí começava com a brincadeira? Epa, peraí! E a gente nunca se desentendeu.

Repórter: E o que une a sociedade brasileira hoje?

“O que une é o amor. Quando vê de perto a pessoa. E conviver com ela. Só vai saber quando nós conviver um com o outro. Você sentir o que eu estou sentindo e eu sentir o que você está sentindo, vendo o que você está passando. Porque essa é a grande gratidão que podemos fazer a Deus, né? Amar uns aos outros”, diz Edmilson.

“Ah, eu acho que é uma esperança? Uma esperança de dias melhores”, afirma Raimunda.

“É a vontade de vender. Todos nós temos um sonho de vencer na vida, ter um bom emprego, uma boa casa, ter um carro, poder trabalhar de forma digna”, destaca Abrahão.

“O que une é ela de lá, guerreia com o cuidado da comunidade. E eu, daqui, guerreio com o lado espiritual, fazendo essa cobertura, fazendo essa parte”, declara Edmilson.

“Que existe dois lados, material e também o lado espiritual, que tem que ser fortalecido os dois lados. A gente tem que buscar a força de Deus pra aguentar lá fora que não é fácil”, diz Raimunda.

“Porque o que estraga a humanidade, o que estraga o nosso país, são palavras de maldição, o que as pessoas proferem contra o seu próximo. Abençoai e serás abençoado, né?”, completa Edmilson.

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Fonte G1 Brasília

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