O médico e vereador Thiago Bitencourt Ianhes Barbosa (PL), de 39 anos, foi preso em flagrante pela Polícia Civil de Mato Grosso por crimes gravíssimos: estupro de vulnerável, armazenamento e possível produção de pornografia infantil. A operação foi realizada no sábado (31/5), em Canarana, onde o parlamentar atuava. Durante buscas em sua casa e consultórios, os investigadores encontraram farto material de abuso sexual infantil. Segundo a polícia, o vereador mantinha uma adolescente em situação de escravidão sexual, usando sua posição de médico para se aproximar de vítimas vulneráveis.
O caso, por si só repulsivo, escancara também os vínculos políticos e familiares do criminoso: Thiago é sobrinho de Ananias Filho, presidente estadual do PL, e enteado do advogado Gilmar de Moura — irmão de Ananias —, figura influente do partido e defensor do prefeito Abílio Brunini nas eleições de 2024. Ananias, em manifestação pública, limitou-se a dizer que o caso causou “constrangimento à família” e classificou o vereador como “parente por afinidade”, numa tentativa de se esquivar da responsabilidade moral e política. Em vez de expulsar o acusado sumariamente do partido, Ananias optou apenas por uma suspensão — como se os crimes brutais atribuídos ao parlamentar fossem meras infrações disciplinares.
A omissão e o tratamento brando diante de tamanha barbárie afrontam não só a justiça, mas toda a sociedade mato-grossense. Diante de crimes tão repugnantes, não há espaço para relativizações ou conveniências políticas. O mínimo que se espera de qualquer liderança pública é repúdio, rompimento imediato e solidariedade às vítimas. O silêncio cúmplice e as medidas tímidas são, neste caso, parte do escândalo.
