Integrantes do mercado com quem o blog conversou não descartam uma ação interna do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, nos últimos dias, para evitar que haja divergências na reunião do Copom que começa hoje.
Essa é considerada uma missão complicada porque além de dois diretores considerados mais conservadores na composição do órgão, essa reunião será a primeira com os novos diretores indicados do governo, Aílton Aquino (Fiscalização) e Gabriel Galípolo (Política Monetária).
A expectativa é a de que os novos diretores se coloquem favoráveis à uma queda de, pelo menos, 0,5 ponto porcentual.
Na última reunião do banco, em junho, já houve divergência interna. Hoje, com a nova composição do BC, dois diretores são considerados mais conservadores e poderiam, inclusive, manifestar um posicionamento mais reativo à queda dos juros que o próprio Campos Neto – ou ao porcentual de queda: Fernanda Guardado (diretora de Assuntos Internacionais) e Renato Dias de Brito Gomes (diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução).
Para integrantes do mercado, Campos Neto pode ter feito um corpo-a-corpo junto aos diretores para tentar montar um consenso em torno do patamar da queda dos juros, diminuindo assim as críticas ao órgão – e no limite a ele mesmo. Isso significaria convencer os diretores mais conservadores a votar favoravelmente a uma queda maior, já que, para parte expressiva de economistas e do mercado, já há elementos técnicos para isso, e, ao mesmo tempo, evitar que os novos diretores abram discussão sobre uma queda maior que 0,5.
O Banco Central está sob intensa crítica pela manutenção dos juros em 13,75% ao ano, e o próprio Campos Neto passou a ser alvo inclusive da oposição. O presidente do BC tem um bom apoio entre os senadores, responsáveis por votar um eventual pedido de exoneração, principalmente entre os do PSD, maior bancada da casa, mas nas últimas semanas o teor das críticas aumentou dada a conjuntura favorável à queda.
O mercado está bem dividido entre corte de 0,25 e 0,50. “Há neste ano ainda mais três reuniões. Se o BC cortar os juros em 0,5 em cada reunião, contando com a desta semana, o ano terminará ainda assim com uma taxa de 11,75% para um IPCA esperado para o próximo ano de 3,8%”, disse um economista chefe de um banco ao blog.
“Isso significa uma taxa de juros real no final do ano de perto de 8%, o que seria ainda uma taxa de juros real muito alta e no terreno restritivo. Ou seja, na minha opinião e de vários ex-diretores do BC, há fundamentos técnicos para começar com o corte de 50 bps.”
Os que defendem um corte de 0,25 argumentam que a expectativa de inflação de 2025 e 2026 ainda está em 3,5%, acima portanto do centro da meta de 3% e que seria mais prudente começar com o corte de 0,25 e ao longo do tempo BC poderia acelerar os cortes.
Fonte G1 Brasília