Durante uma audiência na Câmara Municipal de Cuiabá, o economista Maurício Munhoz — assessor técnico do presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE), conselheiro Sérgio Ricardo — fez um duro diagnóstico sobre as finanças da capital mato-grossense. Munhoz revelou, com base em dados oficiais da Secretaria de Fazenda do Estado, que Cuiabá sofre uma verdadeira “injustiça tributária”, deixando de receber cerca de R$ 4 bilhões anuais de ICMS. Embora recolha R$ 1,2 bilhão desse imposto, Cuiabá deveria ter direito a R$ 320 milhões em repasses, mas está recebendo apenas R$ 40 milhões — um corte brutal que compromete a capacidade de gestão da cidade.
A revelação deixou visivelmente impactada a presidente da Câmara, vereadora Paula Calil, que presenciou com surpresa os dados apresentados. “Como fazer uma gestão eficiente diante de tamanho esvaziamento fiscal?”, questionou Munhoz ao mostrar que a participação de Cuiabá na arrecadação do ICMS caiu pela metade em pouco mais de uma década — de 16% para apenas 8%. Segundo ele, enquanto outros municípios são beneficiados, a capital, que sustenta a logística e o consumo do Estado, é injustamente punida.
Esse desmonte fiscal foi viabilizado por uma lei proposta pelo governador Mauro Mendes e aprovada pela Assembleia Legislativa de Mato Grosso — inclusive com o voto favorável de dez deputados estaduais com base eleitoral em Cuiabá e Baixada Cuiabana. Entre eles, está o irmão da própria presidente da Câmara, a vereadora Paula Calil. A denúncia de Munhoz evidencia um pacto político que sacrificou os interesses da capital para atender à vontade do Executivo estadual, aprofundando as desigualdades regionais e desidratando os serviços públicos da cidade.