A epopeia da mobilidade urbana em Cuiabá já dura tanto que virou parábola bíblica: começou em 2011, com a promessa do BRT, virou VLT com trilhos, estações e 70% da obra finalizada, até que surgiu o governador Mauro Mendes — um convertido tardio que, em vez de terminar a obra, decidiu vender os vagões do VLT para Salvador e ressuscitar o BRT sem projeto, sem plano e, ao que tudo indica, sem fim. Doze anos se passaram, as estações do VLT viraram ruínas contemporâneas e o BRT mal começou a tropeçar pela cidade.
A coisa anda tão mal que a própria empresa contratada para executar a obra já pediu arrego: vai concluir só uma parte e sair de cena, deixando o resto para uma nova firma tentar a sorte (daqui a três anos, com fé e reza forte). Nesse tempo todo, já vimos passar três Papas — Bento XVI, Francisco e agora aguardamos ansiosamente Leão XIV — e nada do BRT. A dúvida já não é mais se a obra vai acabar, mas: quantos Pontífices ainda teremos que atravessar até Mauro Mendes entregar uma estação que funcione?