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Veja as diferenças entre o que o coronel Lawand falou em troca de mensagens e o que declarou à CPI

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O depoimento do coronel do Exército Jean Lawand Junior à CPI dos Atos Golpistas uniu nesta terça-feira (27) parlamentares de oposição e aliados ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Dos dois lados, a avaliação foi a de que o militar faltou com a verdade na audiência.

Lawand foi convocado a depor para explicar troca de mensagens, revelada em relatório da Polícia Federal, com o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL).

Os diálogos, iniciados um mês após a eleição de Lula e derrota de Bolsonaro, mostram tentativas reiteradas de Jean Lawand convencer Cid a assessorar o então presidente em uma ?ordem? a ser cumprida pelas Forças Armadas.

As mensagens foram obtidas pela PF a partir da quebra de sigilo de Cid em um inquérito que apura a existência de um esquema para fraude em registros de vacinação contra a Covid-19.

Em ofício enviado ao ministro Alexandre de Moraes, relator no Supremo Tribunal Federal (STF) de inquérito que apura atos contra a democracia, a PF afirma que essas e outras mensagens obtidas ?incentivam a continuidade das manifestações antidemocráticas e a execução de um golpe de estado após o pleito eleitoral de 2022?.

Nesta terça, o coronel do Exército rejeitou a interpretação e negou ter articulado uma tentativa de subverter a ordem democrática.

Veja a seguir o que disse Lawand na CPI e o que o militar enviou a Cid:

?Ele tem que dar a ordem?

Segundo o relatório da PF, o coronel Jean Lawand envia a primeira mensagem a Mauro Cid no dia 30 de novembro de 2022, um mês após a derrota de Bolsonaro nas urnas.

À época, apoiadores do então presidente acampavam em frente a quartéis do Exército pelo Brasil, em um esforço de reverter o resultado legítimo das eleições.

Nas redes sociais, perfis amplificavam os esforços antidemocráticos do grupo alocado nos quartéis. Publicações cobravam uma ?ordem? de Bolsonaro, diziam ?presidente, eu autorizo? e clamavam por intervenção federal.

Nesse contexto, Lawand afirma a Cid que precisava falar com o então auxiliar de Bolsonaro para ter ?conforto e paz?. ?Quero entender o que tá acontecendo?, escreve após indicar temor por um possível grampo no celular de Mauro Cid.

Um dia depois, 1º de dezembro, ele volta a entrar em contato com o tenente-coronel. Desta vez, clama por apoio.

?Cidão, pelo amor de Deus, cara. Ele dê a ordem, que o povo tá com ele, cara. Se os caras não cumprir, o problema é deles. Acaba o Exército Brasileiro se esses cara não cumprir a ordem do comandante supremo [das Forças Armadas].?

Segundo a Constituição, o comandante supremo das Forças Armadas é o presidente da República.

?Convence ele a fazer. Ele não pode recuar agora. Ele não tem nada a perder. Ele vai ser preso. O presidente vai ser preso. E pior, [vai ficar preso] na Papuda, cara?, acrescenta.

Cid responde que o “PR”, em referência a presidente da República, não “pode dar uma ordem se ele não confia no ACE [Alto Comando do Exército]”.

“Então ferrou. Vai ter que ser pelo povo mesmo”, diz Lawand.

Apoiadores de Bolsonaro defendiam a tese de que Jair Bolsonaro poderia dar uma ordem para uma espécie de operação de garantia da lei e da ordem contra instituições da República.

No dia 7 de dezembro de 2022, Jean Lawand Junior cobra de Cid a suposta ordem: “Cadê a ordem, Cid, pelo amor de Deus”. “Convença o 01 [apelido utilizado para referenciar Bolsonaro] se autor a salvar esse país”, continua.


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Nesta terça, Lawand afirmou à CPI que, em momento algum, tratou sobre a possibilidade de um golpe de Estado.

?Afirmo aos senhores que em nenhum momento falei sobre golpe. Em nenhum momento atentei contra a democracia brasileira. Em nenhum momento quis quebrar, destituir, agredir qualquer uma das instituições. Isso não faz parte do que aprendi na minha carreira?, disse.

O militar também argumentou que, quando mencionava uma suposta ordem, era para Jair Bolsonaro “dar ordem para que as pessoas [acampadas em quartéis] retornassem às suas casas”.

‘Entregamos o país aos bandidos’

Decepcionado com Cid após reiteradas tentativas frustradas de convencimento, Lawand diz, em troca de mensagem do dia 21 de dezembro, que havia descoberto que ?não vai sair nada?.

?Entregamos o país aos bandidos?, afirma.

?Infelizmente?, responde Mauro Cid.

“Peça, por favor, para avisarem ao povo [acampado em protestos antidemocráticos em quartéis], que está há 52 dias cagando em banheiro químico, dormindo mal e pegando chuva. Ele [povo] merece saber a verdade. Que Deus se apiede dessa nação”, conclui Lawand.

Em depoimento na CPI dos Atos Golpistas, ele não explicou o que havia feito se sentir decepcionado. Lawand lançou mão do direito de permanecer em silêncio para não se autoincriminar.

O militar apresentou, porém, uma versão a respeito do que teria apontado como “bandidos”.

“Entregamos o país aos bandidos significa que deixamos a situação correr solta”, afirmou.

Ao contrário do que indicou o ofício da PF enviado a Moraes, o coronel declarou considerar o resultado das eleições “legítimo”.

Indisciplina

Os diálogos entre Lawand e Cid apontam para um discurso de incitação à rebeldia do coronel do Exército contra supostos posicionamentos da cúpula da corporação.

Nas tentativas de convencer Cid a assessorar Bolsonaro na chamada “ordem”, Jean Lawand Junior diz que não há como a decisão “não ser cumprida” pelos militares.

“Se a cúpula do Exército Brasileiro não está com ele, de divisão pra baixo está. Assessore e dê-lhe coragem”, escreve no dia 10 de dezembro passado.

“Ele tem que dar a ordem, irmão. Não tem como não ser cumprida. Acaba o Exército [se não cumprir]!”, afirma no dia 2 de dezembro de 2022.


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Na CPI dos Atos Golpistas, Jean Lawand classificou a declaração como “infeliz” e atribuiu as mensagens a um medo de “convulsão social”.

“O país após o pleito com a vitória do Lula, gostemos ou não, o país passou a ter ideias antagônicas. Havia dois grupos disputando. Uns acreditando que as eleições foram legítimas, outras não. Pessoas foram à frente dos quartéis pedir intervenção militar, as pessoas estavam insatisfeitas”, disse.

Segundo ele, a intenção das mensagens não era “fazer golpe”. “Não fiz associação criminosa, foi entender e buscar o melhor pro Brasil”, declarou..

“Esta colocação minha, eu fui muito infeliz. Sou um simples coronel conversando num grupo de WhatsApp com um amigo. Não tinha comandamento, não tinha condições, não tinha motivação para qualquer tipo de golpe. Essa observação minha foi muito infeliz porque eu não tenho contato com ninguém do alto comando. Então, fui infeliz, me arrependo.”

“Quando eu disse que o Exército [deveria agir], uma fala muito infeliz minha, me equivoquei. Me redimo disso. falei errado. Opinião minha”, disse.

Fonte G1 Brasília

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