A deputada federal Tabata Amaral, candidata à Prefeitura de São Paulo pelo PSB, foi a segunda entrevistada pelo SP1, da TV Globo, nesta terça-feira (24). A entrevista foi conduzida pelo jornalista Alan Severiano.
Foram convidados os candidatos que tiveram pelo menos 5% de intenções de voto e que ficaram entre os cinco primeiros colocados na última pesquisa Datafolha, divulgada em 19 de setembro. A ordem dos entrevistados foi definida em um sorteio realizado na presença dos representantes dos partidos.
As entrevistas têm duração de 30 minutos, e as íntegras ficarão disponíveis no Globoplay.
José Luiz Datena, apresentador e candidato pelo PSDB, foi o primeiro sabatinado nesta segunda-feira (23). Ele prometeu criar 40 km de corredor de ônibus e defendeu o uso de fuzil na Guarda Civil Metropolitana (GCM) em “batalhões especiais”. Confira o que é #FATO ou #FAKE na entrevista dele.
Ao longo desta semana, ainda serão sabatinados:
A equipe do Fato ou Fake checou algumas das principais declarações de Tabata. Leia:
?Saúde mental vai ter o mesmo foco no meu governo que saúde física, porque eu estou cansada de perder gente pra esse preconceito. Só para vocês terem uma ideia: de cada quatro mulheres que têm um filho, uma tem depressão pós-parto. Ninguém fala sobre isso. Hoje, no Brasil, tem mais policial morrendo por suicídio do que em confronto. Ninguém está falando sobre isso.?
A declaração é #FATO. Veja por quê: Segundo uma pesquisa feita pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), mais de 25% das mães do Brasil apresentam sintomas de depressão no período de 6 a 18 meses após o nascimento do bebê.
Já em relação ao número de suicídios entre policiais, o levantamento feito pela Associação de Delegados de Polícia do estado (Adepesp), com base na Lei de Acesso à Informação, mostra que, entre 2015 e setembro de 2021, 61 policiais civis tiraram a própria vida, enquanto 21 agentes morreram no trabalho.
Dados do 18º Anuário do Fórum de Segurança Pública, publicado neste ano, também apontam que 31 policiais militares se suicidaram no estado de São Paulo em 2023, enquanto 21 morreram em confronto no mesmo período.
?Quando a gente olha até o 9º ano, apenas 6% das crianças estão o dia todo na escola. Isso é uma vergonha. Fortaleza tem metade do dinheiro que a gente tem pra investir na educação e tem 60, 70% dos alunos em tempo integral.?
#NÃOÉBEMASSIM. Veja por quê: Segundo as leis orçamentárias anuais de São Paulo e Fortaleza, a capital paulista teve orçamento de R$ 21,87 bilhões para a educação em 2024, enquanto a capital cearense teve R$ 3,1 bilhões destinados à pasta.
Isto é, o valor destinado à Secretaria Municipal da Educação de Fortaleza corresponde a apenas 14% do valor reservado à pasta em São Paulo.
Questionada, Tabata afirmou que utilizou um valor de investimento por aluno com base em dados da ?Todos Pela Educação?. Segundo a organização, foram investidos R$ 20.459,82 por aluno da Rede Municipal de São Paulo e R$ 10.959,18 por estudante da Rede Municipal de Fortaleza.
A candidata acerta quando afirma que, na capital do Ceará, entre 60% e 70% dos alunos da rede municipal possuem cobertura educacional em tempo integral. De acordo com a Secretaria da Educação de Fortaleza, a cidade tem 64,8% dos alunos matriculados ? de creche até o Ensino Fundamental II ? na modalidade.
Enquanto em São Paulo, os percentuais de matrículas em tempo integral são: 57% no Ensino Infantil, 9,3% no Ensino Fundamental I e 14,7% no Ensino Fundamental II. Os dados são do Censo Escolar da Educação Básica 2023, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), divulgado em fevereiro deste ano.
Procurada, a Prefeitura de São Paulo informou que ?61% das 4,1 mil unidades educacionais oferecem ensino integral a 100% dos alunos. Do total de alunos matriculados da rede, 40% têm atendimento em tempo integral, índice superior à média nacional?. Entretanto, a gestão não informou os dados de forma individualizada por nível de ensino.
?A gente tem no centro de São Paulo 40 mil imóveis que estão abandonados. Só para dar um exemplo. É a gente falar com quem tem esses imóveis, olhar para toda uma população que tem um pouco de dinheiro, que está ascendendo socialmente, mas que não consegue pegar um aluguel na região central. E, pior, não consegue encontrar fiador ou fiadora?.
#NÃOÉBEMASSIM. Veja por quê: O Censo de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado em março deste ano, dividiu São Paulo por distritos para mapear os dados da população. Entre as informações divulgadas, estão os números de domicílios particulares existentes e de domicílios ocupados em cada distrito da cidade.
Ao todo, os setes bairros tradicionalmente reconhecidos como centro – Bela Vista, Bom Retiro, Cambuci, Consolação, Liberdade, República, Santa Cecília e Sé ? possuem 257.225 domicílios particulares. Destes, 202.905 estavam ocupados em 2022, segundo o IBGE. Logo, 54.320 não estavam ocupados ? número 35,8% maior que o mencionado pela candidata.
Em nota, a deputada federal disse que ?realmente confundiu os valores durante a entrevista?. Queria, na verdade, dizer que eram 60 mil imóveis abandonados. ?O número ainda maior reforça o argumento de que há um potencial muito grande em termos de política habitacional e de desenvolvimento econômico a ser explorado no Centro, e que a gestão Nunes tem fracassado nessa missão?, disse.
?A gente tem que mapear quais são as áreas mais perigosas da cidade. E não é só furto e roubo, não, é insegurança pra mulher. São Paulo bateu recorde de feminicídio. São Paulo bateu recorde de estupro.?
A declaração é #FATO. Veja por quê: Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), houve recorde de estupros em 2023 e de feminicídios entre janeiro e agosto de 2024 (os últimos dados disponíveis).
A capital paulista registrou 3.041 casos de estupro, incluindo de vulnerável, no ano passado. O número é o maior de toda a série histórica da pasta, que teve início em 2001.
Entre janeiro e julho deste ano, a SSP também contabilizou 1.671 estupros. Enquanto no mesmo período de 2023, o número de ocorrências foi de 1.716.
Em relação aos feminicídios, São Paulo registrou 32 mortes de janeiro a agosto de 2024 ? período em que o crime bateu recorde. De acordo com os dados da secretaria, 23 mulheres foram assassinadas no mesmo período em 2023.
A pasta contabiliza os crimes de feminicídio desde 2018, quando começou a calcular separadamente de homicídios dolosos (quando há intenção de matar).
Participaram da checagem: Gustavo Honório, Letícia Dauer, Marcela Villar, Mel Trindade e Paula Paiva Paulo
Fato ou Fake explica:
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Fonte G1 Brasília