A nova rodada da pesquisa Quaest, divulgada entre 8 e 9 de outubro, com a avaliação do governo Lula (PT), projeções para as eleições de 2026 e a opinião dos brasileiros sobre a isenção do Imposto de Renda até R$ 5 mil e sobre a ‘química’ de Lula com Donald Trump traz recados para o presidente e para a oposição.
O levantamento mostra melhora na avaliação do governo, com aprovação e desaprovação empatadas dentro da margem de erro, pela 1ª vez desde janeiro. Desde então, a desaprovação era maior.
Já os cenários para 2026 seguem iguais, com Lula à frente de todos os eventuais candidatos. A pesquisa também mostra que a vantagem do presidente sobre Tarcísio de Freitas foi de 8 para 12 pontos e que a família Bolsonaro mantém rejeição alta.
A pesquisa Quaest foi encomendada pela Genial Investimentos e realizada entre os dias 2 e 5 de outubro e ouviu 2.004 pessoas com 16 anos ou mais. A margem de erro geral é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%.
O que a pesquisa diz para Lula?
?Melhora na avaliação
A aprovação ao governo Lula voltou a empatar, dentro da margem de erro, com a desaprovação:
- Aprova: 48% (eram 46% na pesquisa de setembro);
- Desaprova: 49% (eram 51%);
- Não sabem/não responderam: 3% (eram 3%).
É a primeira vez, desde janeiro, que há empate entre os dois indicadores. No início do ano, 49% desaprovavam Lula, já a aprovação era de 47%. A diferença de um ponto é a menor desde dezembro de 2024, quando a aprovação era maior que a desaprovação (52% a 47%).
? Mais aprovado entre mulheres e católicos
O presidente voltou a ser mais aprovado do que reprovado entre mulheres e católicos e deixou de ser mais desaprovado que aprovado entre os mais ricos — agora, há empate técnico no segmento. Veja os números nesses segmentos:
- 52% das mulheres aprovam o governo, contra 45% que desaprovam. No levantamento anterior, os indicadores estavam empatados em 48%.
- Entre os católicos, 54% aprovam, e 44%, desaprovam, após empate registrado em setembro.
- A margem de erro nesses dois segmentos é de 3 pontos.
? Empate entre os mais ricos
Os mais ricos (renda familiar de 5 salários mínimos ou mais) apresentam empate entre os indicadores: 52% desaprovam e 45%, aprovam. Até setembro, esse público mais desaprovava o governo do que aprovava. É a primeira vez que um empate é registrado desde agosto de 2023. A margem de erro nesse segmento é de 4 pontos.
?Notícias positivas e vitórias políticas
Segundo o diretor da Quaest, Felipe Nunes, a situação mais favorável a Lula é resultado de uma combinação de notícias positivas e vitórias políticas.
- Tarifaço de Trump: “Depois disso, o Lula aparece como um político que está tomando as decisões certas, que está do lado certo contra a família Bolsonaro”, diz Nunes.
- Queda nos preços: “Foi importante nesse período para contribuir para que a população de baixa renda voltasse a dar ali uma oportunidade de aprovação para o governo”, segundo o diretor da Quaest.
- Isenção do IR, PEC da Blindagem, anistia: “Todos esses gestos políticos, a própria PEC da blindagem, a discussão sobre a anistia, a aprovação da isenção do Imposto de Renda deram ao Lula a agenda política, que foi somando aos outros elementos e acabaram produzindo esse fenômeno de recuperação de popularidade?, conclui Nunes.
Segundo a pesquisa:
- 63% dos brasileiros são contra a PEC da Blindagem, aprovada na Câmara e enterrada pelo Senado;
- 52% são contra a PEC da Dosimetria para reduzir as penas dos condenados no julgamento do golpe (37% são a favor);
- 47% são contra uma possibilidade de anistia.
?? Isenção do IR até R$ 500 mil
A Quaest também ouviu a opinião dos entrevistados sobre a aprovação na Câmara da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, e a pesquisa aponta um apoio amplo:
- A favor: 79% (eram 75% em julho);
- Contra: 17% (eram 21%);
- Não sabem/Não responderam: 4% (eram 4%).
“O governo conseguiu furar a bolha com esse projeto, conseguiu uma aprovação, eu diria, inédita no Congresso Nacional, na Câmara dos Deputados, ali uma votação, mais de 490 votos a zero, então foi importante?, afirmou Felipe Nunes ao podcast O Assunto, do g1.
??’Ótima química’ de Lula com Trump
Os entrevistados também foram questionados sobre a relação de Lula com Trump após a presença do presidente brasileiro na Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, em setembro. Lula discursou na ONU e teve um encontro rápido com o presidente americano, que afirmou ter tido uma “ótima química” com o brasileiro.
Segundo a pesquisa:
- 44% ficaram sabendo do discurso de Lula na ONU; 56% não ficaram sabendo
- 57% ficaram sabendo que Trump elogiou Lula na ONU; 43% responderam que não ficaram sabendo
- 49% acham que Lula saiu mais forte politicamente após o encontro com Trump; 10% disseram que não saiu nem forte, nem fraco. Para 27%, Lula saiu mais fraco.
Na entrevista ao Assunto, Nunes apontou que esses os números apresentam uma situação inédita relacionada à realidade brasileira.
“Na vida americana, a política internacional sempre foi importante, porque eles sempre guerrearam no mundo inteiro. O caso brasileiro era a política doméstica, que era mais importante na eleição presidencial. Mas a gente está vendo esse ano uma novidade. Os brasileiros não só sabem do que está acontecendo, estão muito informados, como têm opinião sobre isso”, disse o diretor da Quaest.
?? Desafios para Lula
A pesquisa, entretanto, mostra que o governo ainda enfrenta desafios, segundo Nunes.
“O país se divide quando o assunto é a boa intenção do presidente, a maioria continua avaliando que Lula não tem conseguido cumprir suas promessas e o governo também não conseguiu ainda reverter a avaliação de que o país está indo na direção errada, um claro sinal de que o que está sendo feito é visto como insuficiente”, afirma. Veja os números:
- 47% acham Lula bem-intencionado e 47%, mal-intencionado;
- 63% acham que Lula não está conseguindo cumprir as promessas de campanha, e 32% acham que sim;
- 56% acham que o país está na direção errada; 36%, na direção certa.
O que a pesquisa diz para a oposição?
?Cenário eleitoral igual
A pesquisa Quaest sobre a eleição de 2026 mostra um cenário semelhante ao de setembro, com Lula (PT) à frente em todos os cenários de 1º e 2º turno pesquisados. A pesquisa mostra estabilidade pelo segundo levantamento consecutivo e repete o cenário de setembro.
Segundo Felipe Nunes, não houve mudança significativa no cenário eleitoral porque uma parte dos eleitores está insatisfeita com todos os nomes cogitados.
“Lula não consegue captar toda sua aprovação, assim como a oposição não consegue captar toda a rejeição ao governo. É uma clara demonstração de que há uma parcela insatisfeita com todos os nomes”, afirma o diretor da Quaest.
?? No 2º turno, Lula está:
- 9 pontos à frente de Ciro Gomes (PDT);
- 10, de Jair Bolsonaro (PL), que está inelegível;
- 12, de Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Michelle Bolsonaro (PL);
- 13, de Ratinho Júnior (PSD);
- 15, de Romeu Zema (Novo), Ronaldo Caiado (União) e Eduardo Bolsonaro (PL);
- e 23 de Eduardo Leite (PSD).
?Oscilações
O diretor da Quaest afirma que alguns adversários de Lula têm visto, ao longo do tempo, a vantagem do presidente ampliar.
- Na pesquisa anterior, feita em setembro, a vantagem de Lula sobre Tarcísio era de oito pontos.
- As vantagens sobre Bolsonaro, Michelle e Eduardo oscilaram dentro da margem de erro, mas para baixo.
- Nas disputas com Ciro, Ratinho Jr., Zema e Eduardo Leite, Lula oscilou para cima. A diferença para Caiado não se alterou.
“Quem está vendo a distância para Lula aumentar desde julho é o governador de São Paulo. Se a eleição fosse hoje, Lula teria 45% e Tarcisio 33%. Uma distância que era de 8 pontos no mês passado e que se transformou em uma distância de 12 pontos este mês”, diz Nunes.
“Outro que também está vendo sua competitividade de 2º turno diminuir lentamente é Ratinho Jr. Em julho, Lula aparecia com 44% e Ratinho 34%. Neste mês, Lula mantém os 44%, mas Ratinho oscila para 31%”, completa.
?? Rejeição a Eduardo Bolsonaro
A pesquisa também mostra o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) como o mais rejeitado como candidato à Presidência entre todos os nomes pesquisados.
- 68% dizem que conhecem e não votariam no deputado federal (eram 68% em setembro).
Jair Bolsonaro (PL) aparece na sequência, com 63% de rejeição (eram 64%), tecnicamente empatado com Michelle Bolsonaro (PL), que tem 61% (mesmo número de setembro) e com Ciro Gomes (PDT), rejeitado por 60%, mesmo número apresentado na pesquisa anterior.
O governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), tem rejeição de 40%; o de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), de 34%; e o de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), de 32%.
O presidente Lula (PT) tem rejeição de 51%, oscilação de um ponto para baixo em relação a setembro.
Fonte G1 Brasília