A nova temporada da política cuiabana ganhou um episódio tragicômico digno de streaming: o vereador Sargento Joelson Fernandes, da base aliada do prefeito Abílio Brunini, foi afastado após a revelação de um esquema de propina no valor de R$ 250 mil — quantia que teria sido paga pela empresa HB20, responsável pelas obras do Contorno Leste. O pagamento, claro, não foi feito em nome do vereador, mas na conta do seu assessor, como manda o manual do estelionato político disfarçado de gestão pública.
O que chamou a atenção, porém, foi o enredo cinematográfico do vídeo em que Joelson aparece marcando uma audiência com ninguém menos que o prefeito. Acontece que o encontro não ocorre na prefeitura, como seria esperado de uma gestão “moderna” e “transparente”, mas no próprio gabinete do vereador agora afastado por corrupção. Lá estão os dois — Joelson, já afundado na lama da denúncia, e Abílio, que ri, posa e até lacra com óculos escuros, como se não estivesse entrando para a história como o prefeito que bate ponto no gabinete do investigado.
Enquanto o escândalo vira notícia nacional e internautas exigem posicionamento, o prefeito Abílio — conhecido por seus vídeos virais, piadas ácidas e encenações performáticas no TikTok — adotou um silêncio quase monástico. Nenhuma ironia, nenhuma dancinha, nenhum post indignado. Está travado. Mudo. Imóvel, como se esperasse que o vento levasse embora os 250 mil reais do escândalo e, de quebra, apagasse as imagens do vídeo em que aparece sorridente ao lado do acusado. Quando é com os outros, Abílio é o justiceiro; quando é com os seus, vira monge zen.
