Durante a coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira (15), para o lançamento do espetáculo Paixão de Cristo na Arena Pantanal, o que era para ser uma cerimônia institucional se transformou num ato simbólico de inversão de papéis. Enquanto o governador Mauro Mendes tentava responder a uma pergunta técnica sobre o modelo de gestão do Hospital Central de Cuiabá — cuja administração será entregue ao Hospital Albert Einstein —, foi publicamente interrompido pela própria esposa, Virgínia Mendes, que tomou o microfone, o protagonismo e, por alguns minutos, o próprio cargo. “Amor, a pergunta é comigo, amor”, disse ela, ao vivo, diante de jornalistas e auxiliares, reduzindo o governador ao papel de coadjuvante. A cena foi tão constrangedora quanto reveladora: não apenas por escancarar que Virgínia se comporta como autoridade máxima do Estado, mas por exibir, ao vivo, a submissão do titular do Palácio Paiaguás.
A intervenção da primeira-dama — que transformou uma questão institucional numa defesa emocionada do hospital onde foi atendida em São Paulo — escancarou o personalismo e o despreparo. Sem formação técnica, Virgínia discursou como se fosse secretária de saúde, gestora de contratos públicos ou porta-voz do governo, desferindo ataques ao deputado Lúdio Cabral e confundindo gestão hospitalar com experiências pessoais de tratamento de saúde. Mas o que surpreendeu mesmo foi a coragem dos jornalistas presentes, que, rompendo o clima de intimidação habitual promovido pelo casal, mantiveram as perguntas, contestaram contradições e expuseram a farsa de uma gestão cada vez mais marcada por vaidade, arrogância e centralização de poder num núcleo familiar. Ontem, diante das câmeras, Mauro Mendes foi calado. E Mato Grosso inteiro viu quem realmente governa.