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Zambelli deve depor nesta terça sobre invasão do CNJ por hacker; veja versão da parlamentar

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A deputada Carla Zambelli (PL-SP) deve prestar depoimento à Polícia Federal, em Brasília, na tarde desta terça (14). O interrogatório é no inquérito que apura a invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) pelo hacker Walter Delgatti Neto. A investigação caminha para a fase final.

Zambelli antecipou ao blog sua versão sobre a relação que manteve com Delgatti. Ela também revelou detalhes da ida dele ao Ministério da Defesa durante o período eleitoral de 2022, fato investigado pela PF em um outro inquérito relacionado à suspeita de que aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tentaram dar um golpe.

Delgatti, segundo a parlamentar, sugeriu aos militares um novo modelo de teste nas urnas ? ideia que chegou a ser discutida por ela com o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, e com o então comandante da Marinha, almirante Almir Garnier (leia abaixo).

O hacker está preso desde agosto passado. Ele confessou que invadiu o CNJ e afirmou à PF que a parlamentar pediu que ele atacasse qualquer sistema do Judiciário para desmoralizar esse Poder.

A invasão do CNJ, segundo a investigação da PF, aconteceu em novembro de 2022. Em 4 de janeiro de 2023, Delgatti inseriu documentos falsos no sistema do órgão, como um mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), assinado pelo próprio magistrado.

O hacker disse à PF que Zambelli redigiu o falso mandado, o que ela nega. Delgatti também colocou no sistema uma falsa quebra de sigilo das contas bancárias do ministro.

Veja os principais esclarecimentos de Zambelli:

Contrato e pagamento

A deputada diz que contratou o hacker apenas para cuidar de suas redes sociais e nunca pediu que ele cometesse crimes. Segundo ela, o adiantamento pelo contrato, no valor de R$ 3 mil, foi pago por um assessor parlamentar dela, mas o serviço não foi prestado.

“Entre setembro e outubro, eu fechei um contrato com ele [Delgatti] de rede social. Toda minha relação com ele era para fazer rede social”, afirma.

Delgatti disse à PF que recebeu, além dos R$ 3 mil, outros R$ 10,5 mil para atacar o Judiciário e cerca de R$ 25 mil em dinheiro vivo. A investigação da PF, porém, apontou que os R$ 10,5 mil foram pagos ao hacker por um assessor de Zambelli que comprou dele caixas de uísque.

Tratamento médico

Em agosto, o advogado Ariovaldo Moreira afirmou em entrevista ao Estúdio i, da GloboNews, que Zambelli pagou um tratamento médico para Delgatti no início deste ano. O hacker relatou o episódio à PF para tentar comprovar que a deputada o ajudava financeiramente.

Zambelli confirma que mandou um assessor buscar Delgatti em São Paulo para levá-lo a um hospital de Guaratinguetá, no interior do estado, mas nega ter pagado pelo tratamento. Ela costuma destinar emendas parlamentares para esse hospital.

“O dia que ele estava passando super mal, dizendo que ia morrer, eu falei ‘Fica tranquilo, o Renan [assessor parlamentar] vai te pegar aí na tua casa, vai te levar no hospital’. Nada mais eu fiz do que dar uma ligada para a Santa Casa e falar ‘Será que vocês podem atender aí um caso de disenteria grave?'”, diz. “Como é que eu posso ter pago atendimento na Santa Casa? Foi atendimento público.”

Sugestão aos militares

Zambelli confirma que Delgatti esteve no Ministério da Defesa no dia 10 de agosto de 2022, após ter se reunido com Bolsonaro e com ela no Palácio da Alvorada fora da agenda.

De acordo com a deputada, o hacker sugeriu aos militares que realizassem um teste de integridade das urnas de forma aleatória e usando a biometria de eleitores reais no dia da eleição. Ela diz que discutiu essa sugestão com o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, e com o então comandante da Marinha, almirante Almir Garnier.

“O presidente [Bolsonaro] falou [ao hacker]: ‘O que a gente pode fazer com as urnas para que a gente não seja enganado?’ A teoria do Delgatti era que as urnas podem conter um vírus de inteligência artificial programado para ativar no dia da eleição e roubar voto. Delgatti falou: ‘A única forma de você saber se a urna tem esse vírus é fazer um teste cego de integridade'”, narra Zambelli.

A teoria de Delgatti já foi desmentida seguidas vezes por autoridades nacionais que fiscalizam as eleições e por organismos internacionais que acompanham o pleito.

“[Bolsonaro perguntou:] ‘Tem como você explicar isso lá na Defesa?’. [Delgatti respondeu:] ‘Tem’. Aí o presidente chamou o [coronel Marcelo] Câmara e falou ‘Leva ele lá na Defesa’. Ele foi lá, ficou duas ou três horas só, não foi mais de uma vez, não”, diz a deputada.

Segundo ela, no entanto, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não permitiu os testes nos moldes sugeridos e exigiu que as urnas fossem sorteadas e retiradas das sessões na véspera da votação.

Esse tipo de procedimento é regulamentado em resolução do TSE ? as urnas escolhidas para teste são retiradas da sessão na véspera e substituídas por urnas reservas para não atrapalhar os eleitores do local. O que garante a segurança do teste é que todas as urnas são lacradas. Para alterar os equipamentos sorteados seria preciso romper os lacres.

Para Zambelli, restaram dúvidas sobre os testes, mesmo com a alegação sobre fraudes já tendo sido desmentida. “O que aconteceu? Isso eu conversei com o Paulo Sérgio e o Garnier uma vez. Entre o primeiro e o segundo turno, eu viajei com o presidente e estavam o Garnier e o Paulo Sérgio. Eu falei assim: ‘Paulo, por que vocês não fizeram o teste cego, pegando as urnas aleatoriamente no primeiro turno?’ Ele falou que tinha que avisar dois dias antes quais seriam as urnas que ia testar”, reclama.

“Aí eu falei para o Garnier: ‘No segundo turno, tem que ser diferente’. O Garnier virou para o Paulo Sérgio e falou ‘Olha, você sabe que é verdade, Paulo. Se realmente existir isso daí [um código malicioso nas urnas], agora é hora de provar, fazendo aleatório’. Mas o que aconteceu? No segundo turno, o Paulo Sérgio de novo fez [o teste] avisando antes para o TSE.”

Grampeamento de Moraes

A deputada afirma que o hacker mentiu quando disse à PF e à CPI dos Atos Golpistas que Bolsonaro pediu a ele para assumir um grampeamento do ministro Alexandre de Moraes que viria à tona.

Na versão de Delgatti, um assessor de Zambelli o levou até um restaurante de beira de estrada, onde a parlamentar intermediou uma conversa dele com Bolsonaro por telefone. Nessa conversa, segundo o hacker, o ex-presidente fez o pedido sobre o grampeamento.

Zambelli confirma a existência do encontro na beira de uma estrada no interior de São Paulo, mas sustenta que o telefonema com Bolsonaro não existiu.

“Quando eu chamei o Walter para conversar no McDonald’s, era para ver se ele queria fazer um TPS [Teste Público de Segurança] para poder tentar achar esse vírus nas urnas. Ele falou: ‘Carla, é muito difícil de achar’. Eu falei: ‘Se você topar, eu peço oficialmente ao TSE, pelo meu gabinete, para que haja um TPS no meio da eleição’. Mas nem isso ele fez. Ele não topou”, diz a deputada.

Segundo normas do TSE, o TPS tem períodos específicos para ocorrer, em anos não eleitorais, e não pode ser realizado a qualquer momento.

Fonte G1 Brasília

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