A investigação da Polícia Federal sobre o uso de ilegal de sistemas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para espionar autoridades e desafetos políticos no governo Jair Bolsonaro aponta que um dos investigados criou um grupo denominado “grupo dos malucos” para difundir informações falsas ligadas a ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e seus familiares.
A Polícia Federal diz que foram interceptados diversos diálogos entre o policial federal Marcelo Araújo Bormevet e o militar Giancarlo Gomes Rodrigues indicando possíveis ações clandestinas contra os ministros do STF Alexandre de Moraes e Roberto Barroso, “com o escopo de questionar a credibilidade do sistema eleitoral”, diz a decisão.
“A difusão de informações falsas diretamente vinculadas a Ministro da Suprema Corte e seus familiares era intencionalmente difundida no grupo nominado pelo próprio APF (agente da Polícia Federal) Bormevet como “grupo dos malucos” destacando a plena ciência dos interlocutores da desarrazoada desinformação produzida”, diz o documento.
De acordo com a PF, servidores em exercício da Abin controlavam perfis e grupos utilizados para difundir “desinformação para atacar adversários e instituições”. A Polícia Federal, no entanto, não detalhou em qual plataforma esses grupos foram criados.
LEIA TAMBÉM:
Operação da Polícia Federal
Bormevet e Giancarlo são alvos de mandados de prisão e de busca e apreensão em nova fase da operação Última Milha, deflagrada pela Polícia Federal nesta quinta-feira (11). De acordo com as investigações, o grupo investigado usou sistemas de GPS para rastrear celulares sem autorização judicial.
Segundo a PF, nesta fase, os policiais cumprem cinco mandados de prisão preventiva e sete de busca e apreensão em Brasília (DF), Curitiba (PR), Juiz de Fora (MG), Salvador (BA) e São Paulo (SP).
Alvos dos mandados de prisão e de busca e apreensão:
- Mateus de Carvalho Sposito;
- Richards Dyer Pozzer;
- Rogério Beraldo de Almeida;
- Marcelo Araújo Bormevet;
- Giancarlo Gomes Rodrigues.
Há ainda buscas contra outros dois investigados:
- José Matheus Sales Gomes;
- Daniel Ribeiro Lemos.
Alvos monitorados
Conforme as investigações da Polícia Federal, no esquema que ficou conhecido como Abin paralela, foram monitoradas as seguintes autoridades, servidores e jornalistas:
Poder Judiciário: ministros do STF Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Luís Roberto Barroso e Luiz Fux
Poder Legislativo: o atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o deputado Kim Kataguiri (União-SP) e os ex-deputados Rodrigo Maia, que foi presidente da Câmara, e Joice Hasselmann. E os senadores: Alessandro Vieira (MDB-SE), Omar Aziz (PSD-AM), Renan Calheiros (MDB-AL) e Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), que integravam a CPI da Covid no Senado.
Poder executivo: João Doria, ex-governador de São Paulo; os servidores do Ibama Hugo Ferreira Netto Loss e Roberto Cabral Borges; os auditores da Receita Federal do Brasil Christiano José Paes Leme Botelho, Cleber Homen da Silva e José Pereira de Barros Neto.
Jornalistas: Monica Bergamo, Vera Magalhães, Luiza Alves Bandeira e Pedro Cesar Batista.
Fonte G1 Brasília