A Polícia Federal (PF) vai questionar o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), em seu depoimento nesta quarta-feira (17), no Rio de Janeiro, sobre a espionagem feita por agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) contra auditores da Receita Federal.
Ramagem comandava a Abin no governo passado e esses auditores ? alvos de espionagem ?fiscalizavam movimentações atípicas do senador Flavio Bolsonaro (PL-RJ). A investigação da PF aponta para o uso da agência em benefício da família do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Em seu depoimento, Ramagem deve insistir que nada de ilegal foi tratado na reunião realizado no Palácio do Planalto entre ele, Bolsonaro, o general Augusto Heleno e duas advogadas que defendiam Flavio Bolsonaro.
As advogadas defendiam Flávio nas investigações da prática de “rachadinha” no seu gabinete, quando era deputado estadual pelo Rio. Ramagem irá repetir que o então presidente, inclusive, chegou a dizer que não queria nenhum favorecimento pessoal no caso.
A PF já tem provas, porém, de que depois da reunião, que ocorreu em 25 de agosto de 2020, foram feitas ações tanto na Receita Federal como pela Abin para tentar blindar Flavio Bolsonaro nas investigações comandadas pelo Ministério Público do Rio de Janeiro.
Entre essas ações está a abertura de investigação contra auditores da Receita sem base legal e a espionagem feita por agentes da Abin contra os auditores.
Dentro da PF, por sinal, os investigadores já têm novos elementos para aprofundar a investigação sobre a “Abin Paralela”, que teria sido usada para investigar adversários políticos do então presidente Jair Bolsonaro.
A PF deve ainda chamar para depoimento o então secretário da Receita Federal, José Tostes, que chegou a ir até a casa de Flávio Bolsonaro para uma reunião com suas advogadas.
A PF avalia que houve tráfico de influência no uso da Receita Federal para tentar investigar os auditores que investigavam Flavio Bolsonaro. O próprio Bolsonaro teria feito a conexão entre as advogadas e José Tostes, segundo as investigações da Polícia Federal, com base não só no áudio da reunião no Palácio do Planalto como também em investigações posteriores.
Fonte G1 Brasília