O presidente da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), o diplomata André Corrêa do Lago, afirmou em entrevista publicada nesta terça-feira (18) que a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris pode impactar as decisões do encontro no Brasil.
A COP 30 será em novembro, em Belém (PA). São esperados representantes de mais de 190 países, além de entidades da sociedade civil e especialistas.
?Assinado em 2015, o Acordo de Paris é um tratado que tem como objetivo principal manter o aquecimento global do planeta abaixo de 2°C até o final do século e buscar esforços para limitar esse aumento a até 1.5°C.
Além disso, prevê repasses financeiros dos países mais ricos para os países em desenvolvimento protegerem suas florestas.
Especialistas alertam que, como os Estados Unidos são a maior economia do mundo e a segunda emissora de gases de efeito estufa, as decisões do recém-empossado presidente Donald Trump na área ambiental podem ter impacto direto na luta global contra as mudanças climáticas.
“Estamos enfrentando circunstâncias excepcionais, e a conferência será impactada por decisões de países-chave, como os Estados Unidos, que recentemente anunciaram sua saída do Acordo de Paris”, afirmou André Corrêa do Lago.
Além da saída do Acordo de Paris, Donald Trump também:
- prometeu ampliar a exploração de petróleo e gás, além de outros combustíveis fósseis;
- disse que vai fortalecer a indústria de automóveis para pôr fim ao que chamou de “mandato dos veículos elétricos”.
Negociações
Uma das principais críticas de especialistas ambientais em relação à COP 29, em Baku (Azerbaijão), foi à chamada falta de “ambição” no financiamento de ações climáticas.
Ao abordar eventuais desafios que terá à frente da COP 30, André Corrêa do Lago disse ser preciso levar em conta nas negociações as circunstâncias de cada país, que são “muito diferentes”, o que fazem cada país agir de forma diversa em relação ao combate às mudanças climáticas.
“O Brasil tem algumas vantagens, uma delas é que nós temos uma longa tradição de diplomacia nesta área, nós negociamos de maneira muito determinante. Mas também tem uma outra dimensão: este governo está completamente comprometido com essa agenda”, declarou o presidente da COP.
Na avaliação do diplomata, há expectativa “muito grande” para que o Brasil possa liderar as discussões e “encontrar respostas para muitas das perguntas que o mundo está se fazendo”.
O próprio presidente Lula vem dizendo que vai ser preciso definir se os países querem discutir as mudanças climáticas de forma “séria” para que a COP não seja “desmoralizada”.
“Nós temos que fazer uma luta muito grande nessa questão do clima. Não é uma coisa pequena. Se a gente não fizer uma coisa forte, essas COPs vão ficar desmoralizadas, porque se aprovam as medidas, fica tudo muito bonito no papel e depois nenhum país cumpre”, afirmou o presidente durante entrevista no Palácio do Planalto.
Fonte G1 Brasília