O presidente Jair Bolsonaro acredita ter encontrado uma oportunidade para unir seus aliados com campos opostos para atacar o ministro e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, depois que ele autorizou operação da Polícia Federal contra empresários bolsonaristas.
Na avaliação de Bolsonaro e sua equipe, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) extrapolou ao autorizar a quebra de sigilo bancário de empresários que defenderam, em um grupo de troca de mensagens, um golpe caso o ex-presidente Lula vença a eleição deste ano. E deu argumentos para que o governo buscasse apoio até entre aqueles que defendem o presidente do TSE.
Bolsonaro cobrou, com sucesso, por exemplo, um posicionamento de empresários que assinaram a carta em defesa da democracia a respeito da operação solicitada pela Polícia Federal e autorizada por Alexandre de Moraes.
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A Federação da Indústria do Estado de São Paulo (Fiesp) acabou divulgando uma nota destacando que a defesa da democracia envolve também a defesa da liberdade de expressão, no que foi visto como um apoio aos empresários atingidos pela decisão do ministro do STF.
O Palácio do Planalto destaca que o episódio gerou críticas de empresários, advogados, políticos e da mídia contra a decisão do ministro do STF, mudando o jogo.
Até agora, o grupo de Bolsonaro estava isolado no embate com Alexandre de Moraes no caso das urnas eletrônicas. No episódio atual, Bolsonaro encontra um momento para sair do isolamento e obter apoio de setores que não o apoiam, mas que criticam a autorização do ministro para a operação da PF.
Dentro do Supremo Tribunal Federal, o discurso de Bolsonaro encontra eco entre os indicados pelo presidente, Nunes Marques e André Mendonça, mas não é respaldado pelos demais colegas de Alexandre de Moraes.
Segundo a maioria dos ministros, Moraes tomou a decisão acertada mirando dificultar o financiamento de atos antidemocráticos durante as eleições.
A avaliação dos colegas do atual presidente do TSE é que a troca de mensagens entre os empresários é grave e não era possível aceitar uma discussão sobre golpe no Brasil sem alguma reação. Alguns ministros colocam em dúvida apenas o bloqueio das contas bancárias, considerada uma medida extrema.
Os colegas de Alexandre de Moraes destacam que a sua ?firmeza? é essencial numa eleição que será tensa, mas recomendam que ele também faça algumas concessões para evitar a estratégia de Bolsonaro, de tentar colar nele uma imagem de autoritário.
Essas concessões poderiam vir nas negociações sobre as sugestões encaminhadas pelo Ministério da Defesa sobre as urnas eletrônicas.
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Fonte G1 Brasília