O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou neste sábado (16) que a morte da menina Heloísa dos Santos Silva, de 3 anos, baleada em abordagem da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Duque de Caxias (RJ) é “algo que não pode acontecer”.
Heloísa morreu neste sábado, 9 dias após ter sido baleada na cabeça em uma abordagem da PRF no Arco Metropolitano, na altura de Seropédica.
A menina foi baleada dentro do carro de sua família. Ela estava acompanhada do pais, da irmã de 8 anos e de uma tia. Dois disparos de fuzil atingiram Heloísa.
Em uma rede social, Lula afirmou que a “dor de perder uma filha é tão grande que não tem nome” e prestou solidariedade à família da criança.
“Morreu hoje a pequena Heloisa dos Santos Silva, de 3 anos, atingida por tiros de quem deveria cuidar da segurança da população. Algo que não pode acontecer. A dor de perder uma filha é tão grande que não tem nome para essa perda. Não há o que console. Meus sentimentos e solidariedade aos pais e demais familiares.”
Mais cedo, o ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou que a Polícia Federal investiga a ação de agentes da PRF envolvidos na morte de Heloísa.
Segundo Dino, a investigação da PF é mais uma das ações do Ministério da Justiça para apurar o caso, classificado por ele como uma “tragédia”. Um processo administrativo da PRF já apura eventuais responsabilidades na ação.
O Ministério Público Federal pediu à Justiça a prisão preventiva de três agentes da corporação envolvidos na morte de Heloísa: Fabiano Menacho Ferreira ? que admitiu ter feito os disparos ?, Matheus Domicioli Soares Viegas Pinheiro e Wesley Santos da Silva.
O caso
O agente da PRF Fabiano Menacho Ferreira, que admitiu ter feito os disparos contra o carro da família de Heloísa, declarou ter ouvido disparos vindos da direção do carro e atirado 3 vezes. Segundo ele, a placa indicava que o veículo era roubado.
O pai de Heloísa, William Silva, que dirigia o veículo, disse que passou pelo posto da PRF e não foi abordado em nenhum momento, mas percebeu que uma viatura da polícia passou a segui-lo e ficou muito próximo ao seu carro.
A família também afirmou não ter conhecimento de que havia comprado um carro roubado.
A morte de Heloísa repercutiu no meio político. O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse que “um órgão policial que protagoniza episódios bárbaros como esses – e que, nas horas vagas, envolve-se com tentativas de golpes eleitorais -, merece ter a sua existência repensada”.
O advogado-geral da União, Jorge Messias, disse que determinou que a Procuradoria-Geral da União (PGU) “acompanhe imediatamente o caso para avaliar eventual responsabilização na seara cível”.
O que diz a PRF
Em nota, a PRF disse se solidarizar com os familiares da criança. Também afirmou que a Comissão de Direitos Humanos segue acompanhando a família ?para acolhimento e apoio psicológico?.
O que dizem os policiais envolvidos
No primeiro depoimento dos policiais prestado à Polícia Civil, Fabiano Menacho Ferreira admitiu ter feito os disparos de fuzil que atingiram a menina.
Ele disse que os policiais tiveram a atenção voltada para o veículo Peugeot 207, e que a placa indicava que o carro era roubado.
Eles seguiram atrás do veículo, ligaram o giroflex e acionaram a sirene para que o condutor parasse, mas que, depois de cerca de 10 segundos atrás do veículo, escutaram um som de disparo de arma de fogo e chegaram a se abaixar dentro da viatura.
Fabiano Menacho disse que, então, disparou três vezes com o fuzil na direção do Peugeot porque a situação o fez supor que o disparo que ouviu veio do veículo da família de Heloísa.
Os outros agentes, Matheus Domicioli Soares Viegas Pinheiro e Wesley Santos da Silva, confirmaram a versão do colega.
Desde o primeiro momento, a família disse que o tiro partiu de uma viatura da PRF.
Fonte G1 Brasília