O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou nesta quarta-feira (12) a defender a exploração de petróleo na chamada Margem Equatorial, na região Amazônica.
Essa iniciativa é alvo de críticas de ambientalistas, que veem na exploração possibilidade de risco à biodiversidade local.
Lula fez a defesa da exploração durante evento no Rio de Janeiro. Ele disse que o governo quer fazer prospecção de forma legal, “respeitando o meio ambiente”.
“A nossa Petrobras está quase disputando com a Aramco. É importante ter em conta que nós, a hora que começarmos a explorar a chamada margem equatorial, sabe, eu acho que a gente vai dar um salto de qualidade extraordinária. Queremos fazer tudo legal, respeitando o meio ambiente, respeitando tudo, mas nós não vamos jogar fora nenhuma oportunidade de fazer esse país crescer, de fazer com que esse país, junto com a Arábia Saudita nos Brics, possa criar uma nova forma de investimento, possa criar um novo sistema de tratamento das pessoas”, afirmou Lula.
Economia x social
Lula afirmou no evento, liderado por investidores da Arábia Saudita, que não consegue discutir economia sem “colocar a questão social na ordem do dia”.
“Todos os debates que se fazem se tratando de economia, a gente fala de um monte de coisa, mas me parece que os problemas sociais não existem. Eles existem. Estão nos nossos calcanhares, estão nas nossas portas, estão nas ruas”, afirmou.
O presidente deu a declaração em um momento no qual o governo é pressionado pelo mercado a reduzir gastos. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que apresentará a Lula uma proposta de mudança no formato dos pisos (gastos mínimos) em saúde e educação.
O presidente declarou que o “mercado não é uma entidade abstrata, apartada da política e da sociedade” e destacou que a economia necessita estabilidade política e social.
Lula, cujo governo tem dificuldade para zerar o déficit das contas públicas, disse que trabalha para equilibrar contas sem comprometer investimento.
“Estamos arrumando a casa e colocando as contas públicas em ordem para assegurar o equilíbrio fiscal. O aumento da arrecadação e a queda da taxa de juros permitirão a redução do déficit sem comprometer a capacidade de investimento público”, declarou.
Em abril, a arrecadação do governo federal com impostos, contribuições e demais receitas somou R$ 228,9 bilhões, segundo a Receita Federal, o maior valor para o mês em 30 anos. No primeiro quadrimestre (janeiro a abril), a arrecadação cresceu acima da inflação.
O presidente critica com frequência o Banco Central em razão do patamar da Selic, que está em 10,5% ao ano após sucessivas quedas. Lula considera lento o ritmo da redução.
Investimento verde
Lula voltou a afirmar, diante dos investidores, que o Brasil deseja receber investimento para transição energética. O país receberá em 2025, em Belém, a conferência das Nações Unidas sobre clima, a COP 30.
O presidente citou os carros elétricos entre os exemplos de investimentos alinhados ao combate às mudanças climáticas.
“Os veículos elétricos são o motor do atual crescimento da indústria automotiva brasileira. Não queremos simplesmente instalar maquinadoras. Somos perfeitamente capazes de produzir peças e componentes no nosso país”, disse.
Em mais de um momento, Lula frisou que o Brasil pretende se desenvolver e que conta com o apoio da Arábia Saudita, uma das maiores produtoras de petróleo do mundo. O Brasil deseja, segundo o presidente, mais do que exportador de matéria-prima.
“Temos grandes reservas de minerais estratégicos, como nióbio, grafite, níquel e terras raras. Buscamos parceiros interessados em agregar valos a esses recursos em nosso território. Condição de mero exportador de matérias primas não nos interessa e não nos convém”, afirmou Lula.
Fonte G1 Brasília