Antes de enviar o sargento da Marinha Jairo Moreira da Silva para tentar liberar as joias milionárias retidas pela Receita Federal, Mauro Cid, ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), escalou a si próprio para a missão.
É o que mostra ofício endereçado ao então secretário da Receita Federal, Julio Cesar Gomes. O documento (veja na imagem acima) foi obtido nesta quinta-feira (9) pela GloboNews.
Depois de enviar o ofício, o tenente-coronel Mauro Cid, aconselhado por amigos, mudou de ideia e escalou o seu auxiliar, o sargento Jairo Moreira da Silva, que foi até São Paulo em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB).
A elaboração do ofício foi discutida com o próprio Julio Cesar Gomes, que orientou o ajudante de ordens a como redigir o texto dirigido ao próprio ex-secretário da Receita para tentar a liberação das joias apreendidas.
O ofício é datado de 28 de dezembro de 2022, no qual o ajudante de ordens lista os bens apreendidos que deveriam ser liberados.
O conjunto de joias, que, segundo o ex-ministro Bento Albuquerque, era um presente do governo da Arábia Saudita para a então primeira-dama Michelle Bolsonaro. E a miniatura de um cavalo ornamental, com avarias.
No final do ofício, está registrado: “autorizo que os bens sejam retirados pelo representante: Mauro Cesar Barbosa Cid”.
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Depois, o nome foi trocado pelo do sargento Jairo Moreira da Silva, que acabou indo a São Paulo, mas a operação fracassou. O funcionário da alfândega não liberou as joias porque não havia a documentação correta para a retirada dos bens apreendidos.
O servidor da Receita resistiu a todas as pressões, vindas até de seu superior hierárquico, no caso o ex-secretário da Receita. O servidor da alfândega disse que não podia liberar os produtos sem a devida documentação.
As joias continuam apreendidas na alfândega no aeroporto de Guarulhos. Uma outra caixa acabou entrando escondida e os presentes acabaram sendo entregues, de forma irregular, ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Bolsonaro já admitiu que está com essas joias, que foram registradas no seu acervo pessoal, sendo que, pelo valor elevado, deveriam ter sido incorporadas ao acervo da União.
Fonte G1 Brasília