A ata do Comitê de Política Monetária (Copom) sugere uma grande surpresa: o presidente do Banco Central, Roberto Campos, eleito o inimigo público número 1 do núcleo econômico do governo Lula, parece ter votado pela sinalização da redução da taxa de juros em agosto. Justamente a mesma posição defendida pelo Palácio do Planalto.
A dedução é matemática. No parágrafo 19, a ata afirma que a “avaliação predominante” do comitê foi a de que a continuação do processo desinflacionário pode permitir o início da redução de juros na próxima reunião. Traduzido a linguagem “do copomnês” para português, avaliação predominante é igual a maioria.
O Copom tem atualmente oito diretores. Portanto, a maioria se dá com margem mínima de 5 a 3 votos. Depois da reunião do Copom, três diretores se manifestaram publicamente contra a redução de juros.
1 -Em entrevista do Estadão, o diretor de Organização do Sistema Financeiro e Resolução Renato Dias Gomes disse que o BC não deve ter pressa para reduzir os juros. Um provável voto contrário, portanto.
2 – Já o diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, afirmou ao jornal O Globo ser necessário ?paciência e serenidade” até o início do processo de redução. Segundo voto contrário, provavelmente.
3 – Por fim, a diretora de Assuntos Internacionais, Fernanda Guardado, deu entrevista ao jornal Valor Econômico na qual garante que “que não dá para prever quando os juros vão cair”. Terceiro.
Para formar a maioria no Copom só há uma possibilidade matemática: Roberto Campos ter se alinhado aos outros quatro diretores para formar o placar de 5 a 3 ? a tal “avaliação predominante” da ata.
Fonte G1 Brasília