A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro disse em nota na noite desta sexta-feira (11) que ele afirma que “jamais se apropriou ou desviou quaisquer bens públicos”.
No início da manhã, a Polícia Federal deflagrou operação para realizar buscar e apreensões em endereço de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Foram feitas buscas e apreensões também em endereço do pai de Cid, o general Mauro Lourena Cid.
A PF investiga se o entorno do presidente negociou joias recebidas por ele como presentes para a Presidência, na época em que Bolsonaro exercia o mandato. Pelas regras, presidente recebidos pelo presidente devem ser incorporados ao patrimônio do Estado, e não podem ser vendidos nem apropriados ao patrimônio pessoal.
Pelas investigações, as transações teriam ultrapassado R$ 1 milhão.
A nota da defesa do ex-presidente lembra que pediu em março que os itens ficassem no Tribunal de Contas da União até que a Corte decidisse o que deveria ser feito com as joias. A decisão da defesa ocorreu depois de a existência dos presentes ter se tornado pública.
“Sobre os fatos ventilados na data de hoje [sexta] nos veículos de imprensa nacional, a defesa do presidente Jair Bolsonaro voluntariamente e sem que houvesse sido instada, peticionou junto ao TCU ? ainda em meados de março ?, requerendo o depósito dos itens naquela Corte, até final decisão sobre seu tratamento, o que de fato foi feito”, afirmaram os advogados.
‘Fortes indícios de desvio’
Ao autorizar a operação desta sexta, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes disse identificar “fortes indícios de desvio de bens de alto valor patrimonial” na conduta do ex-presidente e de auxiliares.
Ainda segundo o ministro, “identificou-se, em acréscimo, que os valores obtidos dessas vendas eram convertidos em dinheiro em espécie e ingressavam no patrimônio pessoal do ex-presidente da República, por meio de pessoas interpostas e sem utilizar o sistema bancário formal, com o objetivo de ocultar a origem, localização e propriedade dos valores”.
Dinheiro para Bolsonaro
Um único áudio obtido pela PF na investigação mostra o ex-ajudante de ordens Mauro Cid tratando de três temas que comprometem os investigados:
- citação a US$ 25 mil supostamente endereçados ao ex-presidente Jair Bolsonaro
- tratativas para a venda de estátuas de palmeira e um barco folheados a ouro, recebidos pela comitiva brasileira durante visita oficial ao Bahrein em 2019
- negociações para levar a leilão um dos kits recebidos na Arábia Saudita com relógio e joias masculinas
Segundo o inquérito, a mensagem foi enviada por Mauro Cid a Marcelo Câmara, assessor especial de Jair Bolsonaro.
No áudio, Mauro Cid afirma que o pai estaria com 25 mil dólares ? “possivelmente pertencentes a Jair Bolsonaro”, segundo a PF.
Mauro Cid também indica, dizem os investigadores, medo de usar o sistema bancário para entregar o dinheiro ao ex-presidente da República. E uma preferência por fazer a entrega em dinheiro vivo, ou “em cash”.
“Tem vinte e cinco mil dólares com meu pai. Eu estava vendo o que, que era melhor fazer com esse dinheiro levar em ‘cash’ aí. Meu pai estava querendo inclusive ir ai falar com o presidente (…) E aí ele poderia levar. Entregaria em mãos. Mas também pode depositar na conta (…). Eu acho que quanto menos movimentação em conta, melhor né? (…)”, diz Cid no áudio.
Marcelo Câmara responde, em mensagem de texto, sobre esse assunto. Diz: “Melhor trazer em cachê”. Em seguida, manda uma outra mensagem: “Ok ciente”.
Fonte G1 Brasília