A CPI dos Atos Golpistas desmarcou o depoimento do general Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa do governo Bolsonaro, que estava agendado para a próxima terça-feira (19).
Em substituição, a CPI confirmou a presença de Osmar Crivelatti, ex-assessor da presidência e atual integrante da equipe de apoio de Jair Bolsonaro.
O g1 entrou em contato com a assessoria do presidente da CPI, Arthur Maia (União-BA), para saber o porquê da mudança e quando Braga Netto será ouvido, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.
De Braga Netto, os parlamentares da CPI querem respostas sobre o suposto envolvimento de militares em ações contra o sistema eleitoral. Ele também deve ser questionado sobre a operação da Polícia Federal, realizada nesta semana, que apura irregularidades em contratos do Gabinete de Intervenção Federal no Rio de Janeiro, que era chefiado pelo general, em 2018.
Quem é Crivelatti?
A trajetória de Crivelatti na presidência da República começou em junho de 2019. A indicação do nome é atribuída ao general da reserva Villas Bôas, ex-comandante do Exército, a quem Bolsonaro já agradeceu por fazer parte de sua caminhada ao Palácio do Planalto.
Aos poucos, Crivelatti ganhou a confiança de Bolsonaro e passou a fazer parte de viagens internacionais, como China e Itália. É Crivelatti quem cuida das armas pessoais de Bolsonaro, por exemplo.
Quando Bolsonaro perdeu a eleição, Crivelatti foi aos Estados Unidos preparar a chegada do chefe em Orlando. E em 1º de janeiro de 2023 foi nomeado integrante da equipe de apoio a Bolsonaro, mesmo sendo um militar da ativa.
A partir da prisão de Mauro Cid, tornou-se o mais próximo assessor do ex-presidente.
Joias sauditas
Crivelatti se envolveu no caso da tentativa de venda de um relógio de luxo recebido por Jair Bolsonaro em uma viagem oficial à Arábia Saudita, em 30 de outubro de 2019.
O presente, foi dado pelo rei da Arábia Saudita, Salman bin Abdul-aziz, e era composto por um relógio Rolex modelo Oyster Perpetual Day-Date em ouro branco cravejado em diamantes e com mostrador em madrepérola branca, também com diamantes. Além de uma caneta, um par de abotoaduras, um anel e um rosário islâmico.
Foi o ex-ajudante de ordem que assinou, em 6 de junho de 2022, a retirada do Rolex, do acervo de presentes oficiais do gabinete-adjunto de Documentação Histórica do Palácio do Planalto.
No mesmo dia, Mauro Cid trocou e-mails em inglês para tratar de uma possível venda do Rolex por US$ 60 mil (mais de R$ 291 mil).
Fonte G1 Brasília