A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os desvios irregulares em aposentadorias pagas pelo INSS deve ouvir Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS, na próxima quinta-feira (25).
A confirmação foi dada pelo presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), durante a sessão desta segunda-feira (22). A comissão ouve Rubens Oliveira Costa, um dos sócios do Careca do INSS.
A afirmação foi feita após indagação do deputado federal Zé Trovão (PL-SC), logo no início da sessão da CPMI.
“Está confirmada a presença dele na quinta-feira e espero, com sinceridade, que seja cumprido o trato que foi feito”, afirmou Viana.
Durante sua fala, o presidente da CPMI ironizou diversas vezes o fato de Camilo ter recuado sua presença na semana passada, após ter confirmado que prestaria depoimento.
“Certeza na vida a gente só tem com a morte. Essa não se escapa dela. Mas há uma boa conversa com o advogado, foi feito um trabalho bem interessante, o advogado se comprometeu, inclusive seria para amanhã essa vinda para a CPMI, mas eu tomei a decisão de transferi-lo na quinta para que todos possam ter tempo para fazer as perguntas”, afirmou Viana.
Desistência de depoimento
Na segunda-feira (15), a reunião da CPMI foi cancelada após a defesa de Antunes comunicar que não iria comparecer à comissão para prestar depoimento. Ele está detido na superintendência da Polícia Federal (PF), em Brasília.
- ?O ministro relator do caso dele no Supremo Tribunal Federal (STF), André Mendonça, decidiu que a participação do Careca do INSS na comissão seria facultativa. Ou seja, ele poderia escolher se iria, ou não, comparecer à oitiva no Congresso.
No início da manhã da segunda-feira (15), a equipe jurídica de Antunes afirmou ao blog da jornalista Camila Bomfim, no g1, que Antunes pretendia comparecer à oitiva, e que iria usar o depoimento para se defender das acusações. Mas, horas depois, ele desistiu de comparecer.
Papel na fraude
Antunes é considerado pela Polícia Federal como um dos articuladores do esquema que desviou bilhões de reais do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS).
Na sexta-feira (12), a PF prendeu o operador por suspeita de pagamento de propina a servidores do órgão para obter ilegalmente dados de aposentados e pensionistas, repassar a entidades e, com isso, viabilizar os descontos ilegais.
- ?? Uma investigação da PF revelou um amplo esquema de fraudes e desvios de dinheiro de aposentadorias e pensões do INSS. Antunes é o lobista apontado pela PF como “facilitador” do caso.
- ? A PF afirma que associações e entidades que oferecem serviços a aposentados cadastravam pessoas sem autorização, com assinaturas falsas, para descontar mensalidades dos benefícios pagos pelo INSS.
Segundo as investigações, Antunes transferiu R$ 9,3 milhões para pessoas relacionadas a servidores do INSS entre 2023 e 2024.
Familiares convocados
Após a recusa de participar, a CPMI do INSS aprovou a convocação de 6 pessoas relacionadas aos empresários considerados como principais peças no esquema que investiga desvios irregulares em aposentadorias.
A decisão ? tomada em conjunto pelo presidente, relator e líderes aconteceu na segunda-feira (15) ? após a defesa de Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como ‘Careca do INSS’, ter informado que o cliente não compareceria mais à CPI.
Foram convocados:
- Romeu Carvalho Antunes, 28 anos, filho e sócio do ‘Careca do INSS’;
- Tânia Carvalho dos Santos, 56 anos, esposa e sócia do ‘Careca do INSS’;
- Cecília Montalvão Queiroz, 58 anos, esposa e sócia de Maurício Camisotti, outro investigado na Operação Sem Desconto;
- Rubens Oliveira Costa, 57 anos, sócio do Careca do INSS;
- Milton Salvador De Almeida Junior, 60 anos, sócio do Careca do INSS;
- Nelson Wilians Fratoni Rodrigues, advogado investigado pela operação.
Seguindo as convocações, na quinta-feira (18), a CPMI ouviu o advogado Nelson Wilians Fratoni Rodrigues e um dos sócios do Careca, Milton Salvador.
Nesta segunda-feira (22), a CPMI ouve outro sócio, Rubens Oliveira Costa. Os dois familiares de Antunes que foram convocados confirmaram presença para depor, mas ainda não foram ouvidos pela comissão.
Fonte G1 Brasília