O atual embaixador do Brasil na Índia, André Corrêa do Lago, deve assumir a recém-criada Secretaria de Clima e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores.
No governo Jair Bolsonaro, a área de meio ambiente do Itamaraty era vinculada ao Departamento de Desenvolvimento Sustentável, ou seja, uma estrutura inferior às secretarias na hierarquia do ministério.
Durante o período em que esteve no Palácio do Planalto, Bolsonaro acumulou uma série de medidas e declarações polêmicas na questão do meio ambiente (leia detalhes mais abaixo).
Conforme o Decreto 11.357/23, assinado pelo presidente Lula e que dá status de secretaria à área de meio ambiente do Itamaraty, compete ao órgão “assessorar o Secretário-Geral das Relações Exteriores nas questões relacionadas à mudança do clima, à biodiversidade, à energia, ao desenvolvimento sustentável e ao meio ambiente em geral.”
No último dia 1º, mesmo dia em que tomou posse com presidente, Lula assinou uma série de atos, entre eles o decreto que determinou a retomada do Fundo Amazônia, parado desde 2019.
A medida foi comemorada por entidades ambientalistas e, dois dias após o ato de Lula, a Noruega, principal doadora do fundo, informou que o Brasil já poderia gastar cerca de R$ 3 bilhões doados pelo país para o fundo.
As polêmicas de Bolsonaro
Durante os quatro anos de mandato, o governo Jair Bolsonaro se envolveu em uma série de polêmicas envolvendo a questão climática.
O próprio presidente, por exemplo:
- entrou em conflito público com a Noruega e a Alemanha, principais doadores do Fundo Amazônia;
- entrou em atrito com o presidente dos EUA, Joe Biden, após o americano ter defendido um fundo para proteger o meio ambiente no Brasil;
- entrou em polêmica com o presidente da França, Emmanuel Macron, após o francês ter dito que Bolsonaro havia mentido ao dizer que tinha preocupação com a proteção do meio ambiente.
Além disso, o então ministro do Meio Ambiente do governo Bolsonaro, Ricardo Salles:
- entrou em atrito público com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe);
- defendeu que o governo aproveitasse a atenção da imprensa com a Covid para “ir passando a boiada” no Congresso.
Perfil
Bacharel em Economia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), André Corrêa do Lago já atuou em ações do Itamaraty voltadas ao clima, entre as quais:
- negociador-chefe do Brasil em mudança do clima (2011-2013);
- diretor-geral do Departamento do Meio Ambiente (2011-2013);
- negociador-chefe do Brasil para Conferência Rio+20 (2012);
- diretor-geral do Departamento de Energia (2008-2011).
Lago também já atuou como:
- embaixador do Brasil no Japão (2013-2018);
- funcionário das embaixadas do Brasil na Argentina (1999-2001), nos Estados Unidos (1996-1999) e na Espanha (1986-1988), entre outras.
Fonte G1 Brasília