Enquanto os Estados Unidos vão fechando as portas para o Brasil, o que ficou mais uma vez demonstrado no cancelamento da conversa entre Scott Bessent e Fernando Haddad, a China se abre e vira cada vez mais o parceiro preferencial.
A avaliação é de assessores presidenciais depois da conversa telefônica, nesta segunda-feira à noite, entre o presidente da China, Xi Jinping, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Xi Jinping falou a Lula que os dois países podem avançar num plano de autossuficiência do sul global, fortalecendo as relações do Brasil com os países da Ásia.
Para um auxiliar de Lula, é um sinal dos tempos. Enquanto a comunista China se abre para o mundo, os Estados Unidos, outrora classificada de grande economia liberal e aberta do mundo, vão adotando o caminho inverso que gerou sua prosperidade, adotando uma política protecionista.
Por sinal, o cancelamento da agenda remota entre o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, dá aos ministros de Lula a convicção de que o presidente está certo em adotar uma postura de cautela em relação a uma conversa com Donald Trump.
Segundo assessores, Lula até poderia ter feito um gesto lá atrás a Trump, não só enviando uma carta, mas ligando também para o novo presidente dos Estados Unidos.
Seria mais, porém, um gesto político, porque, segundo esses interlocutores, está claro que Trump está focando no Brasil por questões políticas e não comerciais.
Sem efeito
O caso do primeiro-ministro da Índia, Narendra Modí, é citado como um exemplo de que não adianta ficar atendendo os desejos de Trump.
O líder da Índia seguiu o roteiro de ligar, conversar e até ir à Casa Branca. Mas de nada adiantou e está tributado com a mesma alíquota de 50% do Brasil.
Esses interlocutores presidenciais criticam ainda a cobrança do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que reclamou da falta de uma ligação de Lula para Trump.
Segundo esses auxiliares de Lula, antes de criticar o presidente, Tarcísio de Freitas deveria ligar para o deputado Eduardo Bolsonaro e pedir para ele encerrar a campanha contra o Brasil.
Talvez o governador paulista diga de que nada adiantaria, porque o deputado seguiria na sua campanha. O mesmo que Lula tem dito reservadamente, poderia até ter ligado, mas de nada adiantaria.
O fato é que chegou a hora de agir, porque o tarifaço virou realidade para as exportadoras brasileiras e elas vão precisar de socorro.
Fonte G1 Brasília