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Ex-atleta descreve sentimento de voltar à Corrida de Reis após sofrer AVC e superar cadeira de rodas

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Hoje com 60 anos, Reginaldo Amorim se destacava nas pistas na década de 1980. Mesmo após deixar o esporte profissional para trilhar outros caminhos, a Corrida de Reis seguiu como uma lembrança recorrente dos tempos de atleta. Até que em 2016 um AVC fez com que o corredor precisasse superar obstáculos para voltar a percorrer os 10km de uma das principais provas de rua do Brasil.

Reginaldo competia nos 400m e 800m com barreiras, disputou Jogos Estudantis e sagrou-se campeão brasileiro entre 1979 e 1982.

– Eu era atleta de ponta, mas comecei a universidade, fiz o curso de economia, terminei o curso e já não corria mais em pista, até porque estava em outra fase da vida. Então foquei nas corridas de rua, e a de Reis eu fiz a primeira e não parei mais.

O ex-atleta disputou a Corrida de Reis entre 1985 e 2015, última vez em que cruzou a linha de chegada antes de sofrer o AVC.

– Em 2015 eu corri, fiz em 46 minutos, corri muito bem. Então em 2016 eu estava em casa assistindo ao Bom Dia Mato Grosso e veio o famoso AVC. A pressão minha era normal, mas deu um pico nesse dia e deu um nível de estresse muito alto, que é um trem muito perigoso. Nesse dia o pico de pressão encontrou o estresse alto e deu um AVC.

Foram 28 dias em coma após o ocorrido. Depois de acordar, a opinião dos neurocirurgiões era de que ele ficaria sem memória ou com alguma sequela.

– Eu já acordei com a corrida na minha mente, em voltar a correr, especialmente a de Reis por causa da festa.

Reginaldo não perdeu a memória, mas sim os movimentos do lado esquerdo do corpo. Na época, o médico disse que o quadro era irreversível, mas a persistência e teimosia o colocaram nas pistas novamente.

– O médico dizia que quanto mais cedo eu entendesse a situação iria sofrer menos. Mas eu sou teimoso demais e pensei que não iria ficar daquele jeito. Aí foram dois anos e meio de fisioterapia e teimosia, levantei umas vezes da cadeira de rodas e tomei uns tombos feios. Comecei a andar de bengala, um dia desses eu guardei a bengala em casa e comecei a andar sozinho. Vieram mais uns três ou quatro tombos. Comecei a fazer caminhada e já pensei que poderia correr. Aí fui pra equoterapia e consegui ter mais equilíbrio.

A força de vontade para retomar a vida fez Reginaldo contrariar os diagnósticos e voltar a caminhar normalmente após dois anos e meio de muito esforço. Hoje, segundo ele, já é possível correr.

Na última semana, ele realizou a inscrição na Corrida de Reis, e vai competir na prova após oito anos afastado. Para o vencedor dentro e fora das pistas, o sentimento é igual ao de comemorar o título brasileiro de seu time do coração.

– Aí eu tinha fixado na minha cabeça em voltar a correr a Corrida de Reis pra voltar a participar da festa. Fazer a inscrição novamente era como se eu tivesse sido campeão brasileiro, quer dizer, como se o Botafogo fosse campeão brasileiro, já que eu sou botafoguense doente.

?O retorno de Jedi?

É desta forma que o cuiabano descreve o retorno à maior prova de rua do Centro-Oeste. Além de proporcionar a prática esportiva, a Corrida de Reis possibilita o sentimento de pertencimento aos competidores.

– É a corrida que eu acho mais bonita. É a festa que a corrida promove, a festa da cuiabania, e aí a moagem come solta e a zoeira vai até tarde. Eu participei de todas até o AVC em 2016, desde 1985. Eu era estudante de economia ainda quando a corrida começou e eu já participava.

?Um recomeço?

No dia 14 de janeiro de 2024, Reginaldo Amorim voltará a vivenciar as sensações da prova. Um recomeço pra quem já provou que pode superar qualquer adversidade da vida. Depois das conquistas dos últimos anos, completar os 10km do percurso será desafiante, mas apenas mais uma barreira para um ex-atleta que se destacava superando obstáculos nas pistas.

– Recomeçar a vida, uma nova vida. Hoje eu sou um cara normal, faço exames completos todos os anos. Faço tudo com todo o cuidado, meu cardiologista fala que eu nunca estive tão bem.

Fonte GE Esportes

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