Apesar da derrota acachapante de Eduardo Botelho nas últimas eleições para a prefeitura de Cuiabá, onde sequer alcançou o segundo turno, a família Botelho continua consolidando sua influência econômica e política nos corredores do poder estadual. Um exemplo evidente é o contrato nº 014/2023 assinado entre a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação de Mato Grosso (SECITECI) e o empresário Romulo Cesar Botelho, irmão de Eduardo Botelho, sob a modalidade de inexigibilidade de licitação.
O contrato, firmado para a locação de um imóvel na Avenida Tenente Coronel Duarte, terá vigência de 24 meses e envolve recursos significativos, com empenho orçamentário detalhado no valor de R$ 1.500.000. A assinatura ocorreu sob o comando do secretário Allan Kardec Pinto Acosta Benitez, em meio a um cenário de crescente questionamento sobre a transparência e a equidade no uso de recursos públicos no governo de Mauro Mendes.
A modalidade escolhida, que dispensa processo licitatório, alimenta as críticas de que os tentáculos empresariais da família Botelho continuam se beneficiando de conexões políticas mesmo após o desgaste eleitoral. Em um momento de crise de confiança pública, contratos como esse jogam luz sobre a promíscua relação entre política e negócios em Mato Grosso, onde o poder se perpetua em famílias influentes enquanto a população sofre com a precarização dos serviços básicos.
O caso reforça a percepção de que, para a elite político-empresarial local, derrotas eleitorais não representam necessariamente a perda de privilégios. Afinal, a influência parece estar menos nos votos e mais nos contratos assinados nos gabinetes.